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Mais altos e gordos
Pesquisa mostra que mudou perfil alimentar do brasileiro e alerta para males do sedentarismo e do excesso de calorias
EM 2004 , o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não
escondeu sua contrariedade com a divulgação da
Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, na qual se observava uma preocupante tendência da população brasileira para o
excesso de peso. Num momento
em que a propaganda do governo
concentrava-se no já esquecido
Fome Zero, falar em brasileiros
obesos não era um bom marketing para Lula.
Naquela ocasião, os pesquisadores haviam medido e pesado
seus entrevistados para calcular
o Índice de Massa Corpórea de
cada um -o resultado da massa,
em quilogramas, dividido pelo
quadrado da altura, em metros.
Pessoas com IMC inferior a
18,5 têm peso menor do que o
ideal, enquanto as que ficam entre 18,5 e 24,9 estão na faixa
ideal. O sobrepeso situa-se no intervalo de 25 a 29,9, e um IMC
acima de 30 indica obesidade.
Naquela época, o IBGE concluiu que 4% da população adulta tinha problemas de insuficiência de peso, o que é considerado
normal pelas normas internacionais. Em contrapartida, 40,6%
da população apresentava excesso de peso ou obesidade.
Agora o Ministério da Saúde
mostra que os brasileiros estão
cada vez mais altos e gordos. Estudo feito pelo órgão constatou
que, de 1974 a 2003, a altura média dos homens subiu de 1,67 m
para 1,70 m e a das mulheres, de
1,55 m para 1,58 m. Ao mesmo
tempo, o IMC médio chegou a
24,7 para mulheres e 24,6 para
homens -muito próximo dos 25
que acusam sobrepeso.
O ministério, desta vez sem nenhuma manifestação contrária
do presidente, considera que está em curso uma mudança do
perfil nutricional da população.
A desnutrição cai, e o peso aumenta. A queda no preço dos alimentos e a melhoria do poder de
consumo da sociedade permitem que o brasileiro coma mais.
O problema é que comer mais
não significa comer bem.
O consumo exagerado de produtos alimentícios altamente calóricos e o sedentarismo são a
fórmula perfeita para o excesso
de peso e a obesidade. Um levantamento realizado pela pasta da
Saúde em 2008 mostrou que
quase 30% dos adultos residentes nas capitais não haviam feito
nenhuma atividade física nos
três meses anteriores.
São conhecidos os transtornos
que a alimentação desregrada e a
falta de exercícios físicos podem
acarretar para a saúde. O exemplo dos EUA é sempre evocado. A
obesidade naquele país fez aumentar a incidência de doenças e
mortes -além de elevar os gastos públicos em saúde.
Os dados apurados pelo IBGE
e pelo Ministério da Saúde recomendam que o poder público
atue em duas frentes. Em primeiro lugar, é preciso que a população tenha mais acesso a informações sobre alimentação
saudável. Além disso, é preciso
estimular a atividade física não
apenas com esclarecimentos,
mas com a oferta de equipamentos, serviços e condições adequadas para a prática esportiva.
O esporte não deve ser considerado apenas em sua dimensão
competitiva -ou olímpica. Uma
política esportiva de mais alcance caminha de mãos dadas com a
saúde, a começar na escola.
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