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Não há atalho no câmbio
O NOVO imposto sobre operações financeiras (IOF)
anunciado recentemente
pelo governo, incidente nas aplicações feitas no exterior com lastro em ações de companhias brasileiras, surge na tentativa de eliminar uma distorção que ameaçava trazer prejuízos à Bovespa.
A criação, vale lembrar, do IOF
de 2% sobre os ganhos de estrangeiros com títulos de renda fixa e
ações, no mês passado, procurou
diminuir a entrada de dólares no
país. Mas, como efeito colateral,
produziu um estímulo à migração de parte dos negócios com
ações da Bovespa para a Bolsa de
Nova York. É esse defeito que a
nova medida procura atacar.
O próprio governo reconhece
que a taxação não modifica a tendência de queda do dólar em relação ao real. Com as taxas de juros das principais economias
próximas de zero, o Brasil se destaca, combinando desempenho
econômico relativamente favorável e juros ainda elevados.
Nesse contexto, tampouco teria impacto sobre o real a permissão para que fundos de investimento doméstico ampliassem
as aplicações no exterior, medida
em estudo no governo. Diante da
baixa rentabilidade de investimentos em dólar, nem mesmo a
pequena margem já existente
para esse tipo de aplicação vem
sendo totalmente utilizada.
Medidas pontuais e experimentais no câmbio, apesar de
bem intencionadas, tendem a ser
pouco eficazes. O Brasil precisa
erguer proteções mais duradouras contra a excessiva valorização da moeda. É preciso remover
os entraves para baixar mais a taxa de juros. Reduzir o gasto público e aumentar a poupança fiscal é uma diretriz óbvia -a qual,
no entanto, nem sequer tem sido
considerada no governo federal.
Não há atalhos para enfrentar
os males associados à apreciação
da moeda doméstica.
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