São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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VOLTAR A ANDAR

A Grande São Paulo tem cerca de 18 milhões pessoas contidas numa área relativamente restrita. A maior parte dos habitantes é obrigada a fazer pelo menos dois deslocamentos diários pelas ruas, avenidas e estradas da região metropolitana. Não é uma surpresa, portanto, que o trânsito seja difícil no conurbado.
Para agravar um pouco mais esse quadro, só a cidade de São Paulo recebe em seu trânsito entre 400 e 500 novos veículos por dia. Não surpreende, portanto, que o número de viagens em transporte individual (carros, táxis, motos e bicicletas) feitas na Grande São Paulo tenha superado o de deslocamentos em meios coletivos (ônibus, metrô, trens e lotações). De acordo com a pesquisa OD (Origem/Destino) de responsabilidade do Metrô, com dados relativos a 2002, 52,96% dos deslocamentos se dão em transporte individual, contra 47,04% em coletivos. Em 1997, os coletivos ainda superavam por estreita margem os individuais.
O crescimento é bastante superior ao esperado. Em 1999, especialistas projetavam que as viagens em transporte individual chegariam a 54% apenas em 2020. Chegamos a 2002 com praticamente 53%.
A situação é insustentável. Ela já está além de paliativos como a construção de túneis e viadutos que melhorem o fluxo de veículos. A saída para o trânsito na região metropolitana exige medidas mais agressivas e criativas de estímulo ao transporte coletivo e inibição do individual.
Corredores de ônibus e novas linhas de metrô são mais do que necessários. Mas isso, evidentemente, não basta. É preciso também considerar alternativas como a ampliação do rodízio de veículos e a adoção do pedágio urbano, cujos recursos poderiam ser direcionados à melhoria e barateamento do transporte público.
Antes, São Paulo não podia parar. Hoje, precisa voltar a andar.


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