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IGOR GIELOW
O modo petista de reformar
BRASÍLIA - A agenda dos ministros distribuída ontem pela Radiobrás
trazia Pedro Malan como titular da
Fazenda. Piada pronta: é, nada muda mesmo na reforma ministerial de
Lula. Gracinhas à parte, é possível
enfocar alguns aspectos do processo,
encerrado ontem com pompas de rito
de passagem pelo presidente.
1 - Há objetivos reais de mudança
gerencial, mas ela não está garantida. O superministério social é uma
boa idéia, e Patrus Ananias, sério.
Mas será que ele terá densidade política suficiente para peitar José Dirceu
e Antonio Palocci? O mesmo vale para Aldo Rebelo, alçado a ministro de
contatos políticos para dividir espaço
com Dirceu. Vai mesmo? Ou só irá
ocupar uma sala a mais no Planalto?
2 - Lula demonstrou todo o seu
emocionalismo na reforma, inclusive
no anúncio. Teve ""dó no coração",
seja lá o que for isso, para demitir,
mas foi igualmente emocional com
Cristovam Buarque. No caso, cruel,
despachando por telefone alguém
antes incensado no PT. Cabe dizer
que o ex-ministro é uma figura superestimada, muito por culpa da benevolência do jornalismo brasiliense
com gente simpática e acessível. Fez
uma gestão anódina, mas o que o
condenou foi reclamar demais. É
bom ser amigo de Lula, mas não o
contrarie.
3 - A reforma criou o mito dos grandes nomes da articulação da Câmara, que tomaram de assalto (sem ironias) o ministério. Do dia para a noite, figuras da estatura de Eunício Oliveira ganharam ares de Ulysses.
Eduardo Campos, famoso na Câmara por seus olhos claros, de repente
emula seu avô Arraes. Ressalte-se
que ambos podem virar ótimos ministros; é tolice acreditar que nomes
técnicos sejam necessariamente melhores.
4 - É difícil entender a dicotomia
que Lula faz entre administradores e
acadêmicos. Tarso Genro, por ter sido prefeito de capital, virou operador
mais capaz que Cristovam. Mas Cristovam não foi governador? Mais: o
"operador" Tarso não era o chefe da
casa-mãe da masturbação sociológica do governo, o Conselhão?
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