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Alívio breve
MEDIDAS voltadas a reanimar a atividade econômica nos EUA vêm aparecendo em rápida sucessão nos
últimos dias. Na sexta-feira passada, o governo anunciou que irá
propor um pacote de corte expressivo de impostos, e a oposição democrata sinalizou que colaborará para que a proposta seja
aprovada rapidamente pelo
Congresso. E já na terça-feira o
banco central dos EUA anunciou, em reunião extraordinária,
um corte da taxa de juros básica
de 0,75 ponto percentual, o mais
pronunciado desde 1984.
Depois de uma segunda-feira
de virtual pânico nos mercados
financeiros ao redor do mundo,
esse corte de juros produziu alívio imediato -traduzido, por
exemplo, em altas significativas
nos mercados de ações na terça-feira. Mas o alívio foi brevíssimo:
já na quarta-feira as Bolsas retomaram o movimento de queda, e
o risco-país dos emergentes teve
novo aumento expressivo.
O ativismo das autoridades
norte-americanas comporta, basicamente, duas leituras. A otimista, que preponderou por
muito pouco tempo, é de que elas
estão dispostas a agir prontamente para impedir que os EUA
entrem em recessão. A pessimista, que voltou a predominar, é de
que o quadro talvez seja mais
grave do que se vinha supondo.
Espera-se, por isso, que a taxa
de juros básica norte-americana
volte a ser reduzida já no próximo dia 30. Reforça essa perspectiva o fato de que, após o recente
corte intempestivo, as expectativas de inflação não pioraram.
É bastante incerto se o eventual novo corte de juros bastará
para estancar a onda de pessimismo e impedir uma recessão
nos EUA -ou ao menos para
abreviá-la, pois para muitos analistas a maior economia do mundo já está passando por uma contração. Parece provável que os
mercados financeiros continuem sujeitos, ainda por várias
semanas, a solavancos.
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