São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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Alívio breve

MEDIDAS voltadas a reanimar a atividade econômica nos EUA vêm aparecendo em rápida sucessão nos últimos dias. Na sexta-feira passada, o governo anunciou que irá propor um pacote de corte expressivo de impostos, e a oposição democrata sinalizou que colaborará para que a proposta seja aprovada rapidamente pelo Congresso. E já na terça-feira o banco central dos EUA anunciou, em reunião extraordinária, um corte da taxa de juros básica de 0,75 ponto percentual, o mais pronunciado desde 1984.
Depois de uma segunda-feira de virtual pânico nos mercados financeiros ao redor do mundo, esse corte de juros produziu alívio imediato -traduzido, por exemplo, em altas significativas nos mercados de ações na terça-feira. Mas o alívio foi brevíssimo: já na quarta-feira as Bolsas retomaram o movimento de queda, e o risco-país dos emergentes teve novo aumento expressivo.
O ativismo das autoridades norte-americanas comporta, basicamente, duas leituras. A otimista, que preponderou por muito pouco tempo, é de que elas estão dispostas a agir prontamente para impedir que os EUA entrem em recessão. A pessimista, que voltou a predominar, é de que o quadro talvez seja mais grave do que se vinha supondo.
Espera-se, por isso, que a taxa de juros básica norte-americana volte a ser reduzida já no próximo dia 30. Reforça essa perspectiva o fato de que, após o recente corte intempestivo, as expectativas de inflação não pioraram.
É bastante incerto se o eventual novo corte de juros bastará para estancar a onda de pessimismo e impedir uma recessão nos EUA -ou ao menos para abreviá-la, pois para muitos analistas a maior economia do mundo já está passando por uma contração. Parece provável que os mercados financeiros continuem sujeitos, ainda por várias semanas, a solavancos.


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