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ELIANE CANTANHÊDE
O pouso depois do caos
BRASÍLIA - Ninguém entendeu
por que Congonhas, depois de demonizado, vai voltar a funcionar
normalmente, como antes da grave
crise aérea do ano passado.
Se as pistas continuam as mesmas, o pátio continua o mesmo, os
prédios em volta continuam os
mesmos, as companhias continuam as mesmas (até menos), o número de passageiros continua o
mesmo (ou até mais), ou seja, se as
condições objetivas são praticamente as mesmas, o que mudou?
Mudaram os comandos. A queda
do Boeing em 2006, com 154 mortos, deflagrou um movimento dos
controladores. Lula desautorizou o
Comando da FAB e gerou uma queda em dominó na aviação civil. As
companhias se aproveitaram.
O caos aéreo foi falta de Ministério da Defesa, falta de FAB, falta de
Infraero, falta de Anac, com todos
eles se acusando mutuamente enquanto as companhias atrasavam e
cancelavam, pilotos e comissários
sofriam e o usuário pagava o pato.
Lula errou feio ao manter as pessoas erradas nos lugares errados, na
hora errada, ao quebrar a cadeia de
comando e ao demorar demais para
restituir o comando do Comando
da FAB e trocar o ministro, a Infraero e toda a Anac.
As coisas começaram a voltar vagarosamente, mas o suficiente para
que a aviação civil chegasse aos meses de pico, dezembro e janeiro,
dentro da normalidade. Normalidade não significa que tudo fosse e
voltasse a ser uma maravilha, porque não era e não é, mas em pleno
Natal e em pleno Ano Novo não
apareceram imagens de famílias jogadas pelos chãos, pessoas descontroladas e aos berros nos aeroportos. O caos não foi mais a tônica das
tevês e dos jornais.
Falta evoluir da "normalidade"
para uma solução real no centro nevrálgico, São Paulo, atender justas
reivindicações dos controladores e
priorizar o que, aparentemente,
deixou de ser a prioridade no último ano: a segurança.
elianec@uol.com.br
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