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CARLOS HEITOR CONY
Um homem
RIO DE JANEIRO - Para falar a
verdade, nem sei a que partido o vice-presidente José Alencar pertence. Apesar de possuir uma biografia
de sucesso empresarial, só tomei
conhecimento de Sua Excelência
quando compôs chapa com Lula no
primeiro mandato. Apreciei algumas de suas declarações, mas não
cheguei ao ponto de admirá-lo.
Nos últimos anos, sim, passei não
apenas à admiração, mas ao carinho. Embora não o conheça pessoalmente, estou torcendo para que
tudo dê certo no seu tratamento -e
desde já todos devemos a ele um
exemplo de como enfrentar o maior
desafio que o tempo e o destino colocam à frente de todos nós.
No passado, tivemos o governador Mário Covas, também vitimado
por uma grave doença e que, mesmo em seu estado terminal, continuou trabalhando. Era um temperamento sangüíneo, e até os últimos momentos foi fiel ao seu estilo
e às suas idéias.
José Alencar é mineiro, mineiro
de Ubá, terra de Ary Barroso, do
Antônio Olinto, do Ferdy Carneiro
e de outros amigos meus. Não conheço em detalhes sua carreira política, mas, como vice-presidente,
tem dado o recado da discrição que
o cargo exige. Mas não foi por aí que
passei a gostar dele.
É impressionante como mantém
seu sorriso, como se apresenta a cada saída dos hospitais onde se interna. Os especialistas são unânimes
em ressaltar a importância do alto
astral no tratamento de uma moléstia que costuma derrubar física e
moralmente os seus portadores.
Para esses, sobretudo, o comportamento de José Alencar é um dos
melhores exemplos de como devem
se portar os atingidos pela doença.
Ele continua na ativa, não sentou
no meio-fio para chorar o leite derramado. É um vice-presidente. Mas
não é um vice-homem. É um homem em pleno exercício de sua
condição humana.
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