São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2009

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Editoriais

Continuísmo

OS PRIMEIROS sinais emitidos pelo governo Obama reafirmam que deve haver poucas mudanças nas relações entre Brasil e Estados Unidos. O anúncio de que Thomas Shannon, atual número um do Departamento de Estado para a América Latina, seguirá no posto na fase inicial da nova administração sugere continuísmo em relação à linha que prevaleceu no segundo mandato de George W. Bush.
Diplomata de carreira, Shannon está no cargo desde outubro de 2005. Demonstra simpatia pelo Brasil, onde já serviu entre 1989 e 1992. Shannon passa a ficar subordinado a Hillary Clinton, nova secretária de Estado, que tem sido parcimoniosa nos comentários sobre a região.
É pouco provável que a diplomacia americana faça qualquer movimento no curto prazo em relação aos temas que mais interessam ao Brasil: biocombustíveis e Rodada Doha. Com o agravamento da crise nos EUA, a proposta da campanha democrata de manter os subsídios ao álcool de milho americano dificilmente será revertida. Pelo contrário, o receio é de aumento no protecionismo comercial.
O titular do Departamento de Agricultura, Tom Vilsack, já defendeu no passado a queda na tarifa de importação cobrada ao etanol brasileiro. Mesmo assim, a julgar pelas declarações iniciais, nada faz supor que haverá mudanças imediatas nessa área.
Do ponto de vista político, Shannon terá como missão nessa fase inicial do novo governo preparar a 5ª Cúpula das Américas, que ocorre em abril, em Trinidad e Tobago. Deve ser um dos primeiros compromissos externos de Barack Obama.
Será um teste para as expectativas no continente quanto ao novo presidente dos EUA. A atitude antiamericana que marcou a multicúpula latino-americana da Bahia, no mês passado, será confrontada com a onda de simpatia que o democrata vem despertando -inclusive entre os críticos latino-americanos.


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