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Editoriais
Continuísmo
OS PRIMEIROS sinais emitidos pelo governo Obama
reafirmam que deve haver
poucas mudanças nas relações
entre Brasil e Estados Unidos. O
anúncio de que Thomas Shannon, atual número um do Departamento de Estado para a América Latina, seguirá no posto na fase inicial da nova administração
sugere continuísmo em relação à
linha que prevaleceu no segundo
mandato de George W. Bush.
Diplomata de carreira, Shannon está no cargo desde outubro
de 2005. Demonstra simpatia
pelo Brasil, onde já serviu entre
1989 e 1992. Shannon passa a ficar subordinado a Hillary Clinton, nova secretária de Estado,
que tem sido parcimoniosa nos
comentários sobre a região.
É pouco provável que a diplomacia americana faça qualquer
movimento no curto prazo em
relação aos temas que mais interessam ao Brasil: biocombustíveis e Rodada Doha. Com o agravamento da crise nos EUA, a proposta da campanha democrata
de manter os subsídios ao álcool
de milho americano dificilmente
será revertida. Pelo contrário, o
receio é de aumento no protecionismo comercial.
O titular do Departamento de
Agricultura, Tom Vilsack, já defendeu no passado a queda na tarifa de importação cobrada ao
etanol brasileiro. Mesmo assim,
a julgar pelas declarações iniciais, nada faz supor que haverá
mudanças imediatas nessa área.
Do ponto de vista político,
Shannon terá como missão nessa fase inicial do novo governo
preparar a 5ª Cúpula das Américas, que ocorre em abril, em Trinidad e Tobago. Deve ser um dos
primeiros compromissos externos de Barack Obama.
Será um teste para as expectativas no continente quanto ao
novo presidente dos EUA. A atitude antiamericana que marcou
a multicúpula latino-americana
da Bahia, no mês passado, será
confrontada com a onda de simpatia que o democrata vem despertando -inclusive entre os
críticos latino-americanos.
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