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FERNANDO RODRIGUES
Obama e o lobby
BRASÍLIA - O mundo está de olho
no fechamento de Guantánamo e
em como Barack Obama tirará a
economia dos EUA do buraco. Mas
há outras decisões relevantes do
norte-americano em nível administrativo que podem inspirar alguns
políticos brasileiros.
É o caso do aperto nas regras de
como atuam os grupos de pressão, o
chamado lobby. Apesar de ter se
aproximado de lobistas durante sua
campanha, Obama agora restringiu
esse tipo de atividade.
Funcionários da administração
federal direta nos EUA que pedirem demissão durante o mandato
de Obama estão proibidos de fazer
lobby. Servidor demissionário interessado no ramo de influenciar o
governo terá de esperar o democrata sair da Casa Branca.
Ou seja, um funcionário do Federal Reserve (o Banco Central) ou da
Secretaria do Tesouro (Ministério
da Fazenda) está impedido de sair
do governo e arrumar um emprego
numa firma de advocacia ou de investimentos e manter qualquer tipo de relação com o governo.
Nos EUA, diferentemente do
Brasil, o lobby é regulamentado.
Servidores podem receber visitas
de representantes de diversos setores da sociedade defendendo as
mais variadas causas. Mas mesmo
assim, lá (com regras) como aqui
(sem regras), o problema maior é a
porta giratória. Funciona assim:
um esperto passa um ou dois anos
no governo, pede as contas e vai feliz da vida usar os contatos feitos no
serviço público para ganhar dinheiro na iniciativa privada.
Com Obama, em tese, a porta giratória deve enguiçar por quatro
anos. Extirpar a praga, por óbvio, é
impossível. Relações pessoais muitas vezes são incontroláveis.
O relevante na medida antilobby
de Obama é a adoção do caminho
correto -constranger quem está de
olho num emprego público hoje para traficar influência amanhã. Eis aí
algo para o Brasil refletir.
frodriguesbsb@uol.com.br
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