São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JOSÉ SARNEY Alegria, alegria
Quero falar do tempo carnavalesco, hora da alegria. Mas alegre
mesmo deve estar o presidente Lula
com as pesquisas e simulações eleitorais. Nada alegra mais um político
candidato do que uma alentadora pesquisa. Eu acho até que as fotos de cartazes só deveriam ser tiradas no dia do
resultado de uma boa pesquisa. Eu tive um grande eleitor, Sebastião Furtado, que morava em Parnaíba, Piauí,
mas tinha propriedades em Araioses,
Maranhão, onde fazia política e foi
prefeito, que uma vez me revelou
-num tempo em que ainda não existia Ibope- como avaliava aquele que
seria vitorioso. Uma vez, em 1955, eu
cheguei para fazer campanha e levava
uns cartazes para serem pregados na
cidade -cartazes meus e dos candidatos a governador e a vice. Desenrolei-os, mostrei ao Sebastião Furtado.
Ele me disse então: "É esse nosso candidato?". "Sim, Sebastião, é esse".
"Pois não ganha não. Eu já sou bem
antigo na política e conheço candidato
que ganha eleição pelo cartaz. Já conheço a cara do ganhador". "Mas Sebastião, é um homem de grande chance, estamos unidos em torno dele, é
um Brigadeiro da FAB". Sebastião me
retrucou: "Mas tem olhos de "hervado"". Era assim que se chamavam os
consumidores de maconha. Ora, seu
diagnóstico foi tiro e queda. Perdemos a eleição fragorosamente. Depois
disso, antes de sair em campanha, eu
mandava os cartazes para o Sebastião
com o recado: "Dê sua opinião". Era o
precursor dos marqueteiros, sem risco de contas nas ilhas Cayman. José Sarney escreve às sextas-feiras nesta coluna. @ - jose-sarney@uol.com.br Texto Anterior: Rio de Janeiro - Nelson Motta: Lorota carioca Próximo Texto: Frases Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |