São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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NELSON MOTTA

Lorota carioca

RIO DE JANEIRO - Como o Rio de Janeiro não produz drogas e não fabrica armas, toda a responsabilidade pela tráfico e pelo banditismo que dominam a cidade é do governo federal -que não patrulha as fronteiras e deixa entrar drogas e armas para os bandidos cariocas.
Essa pérola da demagogia, da má-fé e da cara-de-pau foi criada por Garotinho e é repetida "ad nauseam" por Rosinha, na esperança de que se torne verdade para o eleitorado mais crédulo. Na falta de melhores argumentos para explicar sua impotência diante da criminalidade dominante, o governo do Estado transfere a responsabilidade para seu adversário eleitoral. Simples assim.
Será que eles esperam que alguém, fora a clientela dos grotões e dos currais de um real, acredite nisso? Devem esperar, porque isso será repetido milhares de vezes na campanha de Garotinho para "explicar" o pesadelo carioca e livrar sua cara.
Claro, se for presidente da República, Garotinho atenderá igualmente a todos os Estados, sejam aliados ou adversários, dará verbas a todos sem discriminação e, principalmente, como governo federal, fará o patrulhamento rigoroso de nossas fronteiras terrestres, aéreas e marítimas para impedir que drogas e armas entrem nos Estados e compliquem a vida dos governadores. Para comandar as operações, certamente convocará a mesma equipe de sua confiança que implantou a vitoriosa política de segurança do Rio de Janeiro.
Mas o "Bolinha" não será eleito e está redondamente enganado: o Estado produz drogas, sim, como a maioria absoluta dos políticos da capital e do interior, de todos os partidos -viciados em cargos e verbas públicas.
E produz armas também: as mais poderosas que restam aos cariocas são o humor e o espírito crítico, que alvejam Garotinho com suas piadas, deboches e maciça rejeição na Cidade Maravilhosa.


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