|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NELSON MOTTA
Lorota carioca
RIO DE JANEIRO - Como o Rio de Janeiro não produz drogas e não fabrica armas, toda a responsabilidade
pela tráfico e pelo banditismo que dominam a cidade é do governo federal
-que não patrulha as fronteiras e
deixa entrar drogas e armas para os
bandidos cariocas.
Essa pérola da demagogia, da má-fé e da cara-de-pau foi criada por Garotinho e é repetida "ad nauseam"
por Rosinha, na esperança de que se
torne verdade para o eleitorado mais
crédulo. Na falta de melhores argumentos para explicar sua impotência
diante da criminalidade dominante,
o governo do Estado transfere a responsabilidade para seu adversário
eleitoral. Simples assim.
Será que eles esperam que alguém,
fora a clientela dos grotões e dos currais de um real, acredite nisso? Devem esperar, porque isso será repetido milhares de vezes na campanha
de Garotinho para "explicar" o pesadelo carioca e livrar sua cara.
Claro, se for presidente da República, Garotinho atenderá igualmente a
todos os Estados, sejam aliados ou
adversários, dará verbas a todos sem
discriminação e, principalmente, como governo federal, fará o patrulhamento rigoroso de nossas fronteiras
terrestres, aéreas e marítimas para
impedir que drogas e armas entrem
nos Estados e compliquem a vida dos
governadores. Para comandar as
operações, certamente convocará a
mesma equipe de sua confiança que
implantou a vitoriosa política de segurança do Rio de Janeiro.
Mas o "Bolinha" não será eleito e
está redondamente enganado: o Estado produz drogas, sim, como a
maioria absoluta dos políticos da capital e do interior, de todos os partidos -viciados em cargos e verbas
públicas.
E produz armas também: as mais
poderosas que restam aos cariocas
são o humor e o espírito crítico, que
alvejam Garotinho com suas piadas,
deboches e maciça rejeição na Cidade Maravilhosa.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: O bloco dos vices Próximo Texto: José Sarney: Alegria, alegria Índice
|