São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

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Editoriais

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Bonificação na USP

A USP começa a indicar na prática um caminho promissor para aumentar a diversidade social no acesso ao ensino superior -é o que se depreende de seu último processo seletivo. A instituição adotou em seu vestibular uma bonificação aos alunos das escolas públicas -que tem como base a pontuação obtida na Fuvest, uma prova de avaliação e o Enem. Adotado há dois anos -inicialmente apenas sobre a nota da Fuvest-, esse sistema foi ampliado. Como resultado, a participação de oriundos da escola pública entre os selecionados aumentou 12,7%, como esta Folha noticiou no sábado. O percentual atingiu 29,3%, contra 26% em 2008.
Trata-se da maior taxa desde ao menos 2001, segundo relatório que analisa os últimos nove anos. Esse patamar teria sido superado em 1992 -com 31,3%-, mas o resultado anterior pode estar distorcido, dada a diferença de metodologia empregada.
A bonificação introduzida pela universidade tem a dupla vantagem de adotar o critério socioeconômico -já que os egressos das escolas públicas em sua maioria têm nível de renda inferior- sem distorcer demasiadamente o princípio do mérito.
Desatar esse nó -o de permitir maior diversidade no acesso às universidades públicas sem afetar o desempenho médio dos seus cursos- é tarefa complexa. Nesse sentido, as chamadas políticas de ação afirmativa têm provocado debates acalorados. O STF ainda não se pronunciou sobre o ponto nevrálgico nessa controvérsia -a constitucionalidade da adoção de cotas baseadas em critérios raciais. Há boas razões na Carta para rejeitar esse modelo.
Além de afrontar o princípio de igualdade perante a lei, a seleção baseada em raças não possui fundamento objetivo. Iniciativas como a da USP inspiram maior equilíbrio e justiça -ainda que estejam naturalmente sujeitas a aperfeiçoamentos.


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