SÃO PAULO - O canal 2 da TV alemã, a ZDF, está abrindo inscrições para uma espécie diferente de "reality show", descaradamente político, o que, até onde sei, só tem igual no Canadá. O programa chamar-se-á "Eu também posso ser chanceler", sendo "chanceler", na Alemanha, o primeiro-ministro.
Só podem se inscrever jovens entre 18 e 35 anos, o que, de saída, elimina todos os potenciais candidatos às eleições de verdade, que se darão em setembro, porque os líderes partidários são, todos, mais velhos. Discriminação? Pode ser, mas, segundo o jornal francês "Le Figaro", a ZDF explica que o programa está atrás de "caras novas, com ideias frescas, que tenham desejo de mudar as coisas por meio da política".
O convite para as inscrições inclui um "seja o nosso Obama", uma forma de juntar os dois objetivos: um rosto novo, como o do presidente norte-americano, e o desejo de reabilitar a política -ou ressuscitá-la, ao gosto de cada qual-, uma intenção usualmente colada à campanha de Obama.
O "site" faz perguntas que, suspeito, 11 de cada 10 brasileiros responderiam com um baita "sim": "Está decepcionado com a classe política atual? Quer mudar as coisas você mesmo?". Até alguns políticos responderiam "sim", a julgar pelo artigo de Rita Camata (PMDB-ES) ontem nesta Folha.
As qualidades exigidas ou desejadas para os candidatos são criatividade, carisma, humor e capacidade de improvisar e replicar. Os inscritos devem enviar um vídeo para explicar o que farão para melhorar a vida de seus cidadãos. Quatro deles serão escolhidos.
Será que alguma emissora brasileira se disporia a uma aventura similar? Teria público parecido com o mais famoso dos "reality shows", o "Big Brother"? Sei lá, mas como a política brasileira está, sim, precisando de uma baita sacudida, fica a sugestão. Grátis.

crossi@uol.com.br


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