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ROTINA INDECENTE
No que já se vai tornando uma
triste rotina, mais dois deputados que receberam ilegalmente recursos do esquema de financiamento urdido pelo ex-tesoureiro do PT
Delúbio Soares e pelo publicitário
Marcos Valério foram absolvidos no
plenário da Câmara. Desta vez, os
agraciados foram Wanderval Santos
(PL-SP) e João Magno (PT-MG).
O primeiro abocanhou R$ 150 mil;
o segundo, R$ 425 mil. Em ambos os
casos, a cassação havia sido recomendada pelo Conselho de Ética, órgão que se mostra tão ruidoso quanto decorativo.
Para adicionar mais algum desdouro ao festival de impunidade em que
se converteu o Congresso Nacional,
o Conselho de Ética do Senado houve por bem arquivar o processo contra o senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), pela prática de caixa
dois na campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998.
Também Azeredo beneficiou-se de
recursos do chamado "valerioduto".
No cômputo geral, sete dos 19 deputados acusados de envolvimento
com o chamado "mensalão" foram
inocentados. Quatro renunciaram
para escapar à punição -decisão de
que provavelmente já se arrependem- e cinco ainda estão com seus
processos em andamento. Apenas
três foram cassados.
Desta vez, além do absurdo instituto do voto secreto, o baixo comparecimento foi decisivo para o desfecho
acintoso. Para que um deputado perca o mandato, são necessários 257
votos pela cassação. Apenas 444 dos
513 estiveram presentes. Os dois
grandes partidos que agora se apresentam como paladinos da ética e da
moralidade, o PFL e o PSDB, também são os que registraram as maiores taxas de ausência, 15,8% e 11,1%
das respectivas bancadas.
Uma vez que grande parte da Câmara dos Deputados e do Senado Federal já nem afeta nutrir algum respeito pela opinião pública e abraçou
o corporativismo sem peias, a única
forma de depurar o Parlamento será
através do voto. Cabe a cada eleitor
guardar os nomes dos deputados
mensalistas e os dos que os apoiaram explicitamente para tentar barrá-los da próxima legislatura.
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