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VALDO CRUZ
Destino traçado
BRASÍLIA - Lula já decidiu. Por
enquanto, vai acenar que deseja
uma solução negociada para o exagero na edição de medidas provisórias. Mecanismo que criticava
quando na oposição, mas pelo qual
tomou gosto depois que assumiu a
Presidência da República.
E tomou gosto pelo simples motivo de que, com os partidos que temos, o presidente de plantão não
tem outro caminho senão usar as
MPs para governar. Claro que não
precisava exagerar tanto.
Agora, se as negociações no Congresso tomarem um rumo que o desagrade, Lula já avisou seus auxiliares e líderes: ordenará sua base aliada no Legislativo a boicotar a votação de uma emenda constitucional
que possa reduzir seus poderes no
uso das MPs.
Posso estar enganado, mas esse é
o futuro da proposta que nasceu no
Congresso para diminuir o número
de medidas provisórias. Depois de
muito debate, a idéia tende a ficar
esquecida em alguma gaveta.
Lula hoje enfrenta o seguinte dilema. Por enquanto, nem dá para
dizer que se trata de mais uma
conspiração da oposição. A sugestão ganhou força por obra de dois
aliados: os presidentes da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Os dois estão no seu papel. Querem tentar melhorar a imagem das
Casas que dirigem, que ficam reféns
das MPs. O que, sinceramente, não
é nada fácil. O Congresso brasileiro,
em sua maioria, move-se à base do
fisiologismo.
Um espectador privilegiado contou-me na semana passada a que
ponto o Congresso chegou. Tem
parlamentar governista que ameaça votar contra o Planalto porque
não consegue uma verbinha de patrocínio para um evento seu.
Voltando às medidas provisórias,
bastará o governo Lula atender de
pronto os pedidos de seus aliados,
mesmo os esdrúxulos, para conseguir o apoio necessário e sepultar
qualquer iniciativa que reduza seus
poderes. E os tucanos, silenciosamente, vão agradecer.
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