São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2008

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TENDÊNCIAS/DEBATES

EUA e Brasil: parceiros no combate à tuberculose

CLIFFORD M. SOBEL

A tuberculose não é só um desafio para a saúde pública mas também um problema para o desenvolvimento

NÃO OBSTANTE os avanços recentes, a tuberculose (TB) continua a ser um problema significativo de saúde pública mundial, com quase 9 milhões de novos casos e 1,6 milhão de mortes a cada ano. Com o HIV/Aids matando mais de 2 milhões de pessoas por ano -e a malária, acima de 1 milhão-, a tuberculose é uma das três principais causas de morte por doenças infecciosas no mundo todo. Aproximadamente 10% dos pacientes com TB são também co-infectados pelo HIV, e a TB é a principal causa de morte de pacientes com Aids.
A tuberculose não é somente um desafio para a saúde pública mas também um problema para o desenvolvimento, pois esse mal devastador ataca as pessoas na sua idade mais produtiva em termos econômicos. A tuberculose não apenas ceifa muitas vidas individuais; ela também causa grande perda econômica para famílias, comunidades e países, contribuindo para o ciclo da pobreza.
Embora o tratamento desse mal seja freqüentemente gratuito, diagnósticos, despesas com exames laboratoriais, transporte, alimentação e outros custos podem representar 20% da renda familiar anual para os pacientes com TB, segundo estudo divulgado recentemente pelo Banco Mundial. É preciso maior empenho político por parte dos países no apoio a todos os elementos envolvidos no tratamento da tuberculose.
Ainda que a cura da tuberculose seja conhecida há mais de meio século, na maioria das vezes a doença é diagnosticada tardiamente, tratada de forma inadequada ou não tratada, levando à transmissão e a mortes nas comunidades.
Infelizmente, as pessoas mais vulneráveis têm as maiores dificuldades de acesso ao tratamento de boa qualidade. A TB é tanto um mal da pobreza quanto um fator que contribui para a pobreza -e representa enorme ônus, especialmente para as famílias pobres nos países em desenvolvimento.
Os Estados Unidos estão na linha de frente da batalha contra a tuberculose no Brasil. Em colaboração com o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, nos últimos cinco anos a Usaid vem atuando para: - ampliar e melhorar a qualidade dos serviços da Dots (Estratégia do Tratamento Supervisionado da Tuberculose), no qual os pacientes são supervisionados e monitorados enquanto tomam os medicamentos; - desenvolver fórmulas mais convenientes para os medicamentos de TB que aumentem a adesão do paciente ao tratamento; - elaborar e implementar sistemas de vigilância sobre a forma multirresistente da tuberculose, a XDR; - tratar do desafio especial da tuberculose em pacientes infectados por HIV; - trabalhar com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e outros parceiros para tornar o tratamento mais humano.
No decorrer do próximo exercício fiscal, a Usaid dará apoio a atividades para controle da TB nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, nos quais se verifica a maior incidência da doença.
Essas iniciativas incluem campanhas e treinamento de profissionais com o objetivo de reduzir o estigma social ligado à tuberculose, que freqüentemente impede as vítimas de buscar e completar o tratamento.
Nos últimos cinco anos, um forte compromisso por parte do Ministério da Saúde do Brasil, com apoio estratégico da Usaid no controle da TB, resultou na expansão da Estratégia do Tratamento Supervisionado da Tuberculose para mais de 80% dos municípios prioritários, que respondem por 70% dos casos de TB do Brasil -um feito realmente admirável. Como maior doador individual para o Fundo Global, com uma contribuição de quase US$ 2,1 bilhões desde 2002, os EUA ajudam a controlar a TB no Brasil e no mundo todo.
Com uma subvenção do Fundo Global no valor de US$ 27 milhões ao longo de cinco anos, o Brasil continuará a ampliar e a aperfeiçoar a detecção da tuberculose, assim como o tratamento e a vigilância contra a doença no país todo.
Sabemos o que é preciso ser feito. O Plano Global de Combate à Tuberculose - 2006-2015 nos oferece diretrizes e intervenções fundamentais. Os Estados Unidos continuam inteiramente empenhados em trabalhar com todos os nossos parceiros para livrar não só o Brasil, mas a comunidade mundial da praga da tuberculose.


CLIFFORD M. SOBEL, bacharel em administração pela Faculdade de Comércio da Universidade de Nova York, é o embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Foi embaixador dos EUA na Holanda (2001 a 2005).

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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