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TENDÊNCIAS/DEBATES
EUA e Brasil: parceiros no combate à tuberculose
CLIFFORD M. SOBEL
A tuberculose não é só um desafio para a saúde pública mas também
um problema para o desenvolvimento
NÃO OBSTANTE os avanços recentes, a tuberculose (TB)
continua a ser um problema
significativo de saúde pública mundial, com quase 9 milhões de novos
casos e 1,6 milhão de mortes a cada
ano. Com o HIV/Aids matando mais
de 2 milhões de pessoas por ano -e a
malária, acima de 1 milhão-, a tuberculose é uma das três principais causas de morte por doenças infecciosas
no mundo todo. Aproximadamente
10% dos pacientes com TB são também co-infectados pelo HIV, e a TB é
a principal causa de morte de pacientes com Aids.
A tuberculose não é somente um
desafio para a saúde pública mas também um problema para o desenvolvimento, pois esse mal devastador ataca as pessoas na sua idade mais produtiva em termos econômicos.
A tuberculose não apenas ceifa
muitas vidas individuais; ela também
causa grande perda econômica para
famílias, comunidades e países, contribuindo para o ciclo da pobreza.
Embora o tratamento desse mal seja freqüentemente gratuito, diagnósticos, despesas com exames laboratoriais, transporte, alimentação e outros custos podem representar 20%
da renda familiar anual para os pacientes com TB, segundo estudo divulgado recentemente pelo Banco
Mundial. É preciso maior empenho
político por parte dos países no apoio
a todos os elementos envolvidos no
tratamento da tuberculose.
Ainda que a cura da tuberculose seja conhecida há mais de meio século,
na maioria das vezes a doença é diagnosticada tardiamente, tratada de
forma inadequada ou não tratada, levando à transmissão e a mortes nas
comunidades.
Infelizmente, as pessoas mais vulneráveis têm as maiores dificuldades
de acesso ao tratamento de boa qualidade. A TB é tanto um mal da pobreza
quanto um fator que contribui para a
pobreza -e representa enorme ônus,
especialmente para as famílias pobres nos países em desenvolvimento.
Os Estados Unidos estão na linha
de frente da batalha contra a tuberculose no Brasil. Em colaboração com o
Programa Nacional de Controle da
Tuberculose, nos últimos cinco anos
a Usaid vem atuando para:
- ampliar e melhorar a qualidade
dos serviços da Dots (Estratégia do
Tratamento Supervisionado da Tuberculose), no qual os pacientes são
supervisionados e monitorados enquanto tomam os medicamentos;
- desenvolver fórmulas mais convenientes para os medicamentos de TB
que aumentem a adesão do paciente
ao tratamento;
- elaborar e implementar sistemas
de vigilância sobre a forma multirresistente da tuberculose, a XDR;
- tratar do desafio especial da tuberculose em pacientes infectados
por HIV;
- trabalhar com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e outros
parceiros para tornar o tratamento
mais humano.
No decorrer do próximo exercício
fiscal, a Usaid dará apoio a atividades
para controle da TB nos Estados do
Rio de Janeiro e de São Paulo, nos
quais se verifica a maior incidência da
doença.
Essas iniciativas incluem campanhas e treinamento de profissionais
com o objetivo de reduzir o estigma
social ligado à tuberculose, que freqüentemente impede as vítimas de
buscar e completar o tratamento.
Nos últimos cinco anos, um forte
compromisso por parte do Ministério
da Saúde do Brasil, com apoio estratégico da Usaid no controle da TB, resultou na expansão da Estratégia do
Tratamento Supervisionado da Tuberculose para mais de 80% dos municípios prioritários, que respondem
por 70% dos casos de TB do Brasil
-um feito realmente admirável.
Como maior doador individual para o Fundo Global, com uma contribuição de quase US$ 2,1 bilhões desde
2002, os EUA ajudam a controlar a
TB no Brasil e no mundo todo.
Com uma subvenção do Fundo
Global no valor de US$ 27 milhões ao
longo de cinco anos, o Brasil continuará a ampliar e a aperfeiçoar a detecção da tuberculose, assim como o
tratamento e a vigilância contra a
doença no país todo.
Sabemos o que é preciso ser feito. O
Plano Global de Combate à Tuberculose - 2006-2015 nos oferece diretrizes e intervenções fundamentais. Os
Estados Unidos continuam inteiramente empenhados em trabalhar
com todos os nossos parceiros para livrar não só o Brasil, mas a comunidade mundial da praga da tuberculose.
CLIFFORD M. SOBEL, bacharel em administração pela Faculdade de Comércio da Universidade de Nova York, é o embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Foi embaixador
dos EUA na Holanda (2001 a 2005).
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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