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Expansão imobiliária
Estabilidade e avanços regulatórios podem levar mercado de imóveis do país a ser um dos mais dinâmicos do mundo
O CRESCIMENTO do setor
imobiliário no Brasil
tem sido notável. Depois de uma quase estagnação que perdurou por mais
de duas décadas, o lançamento
de novas unidades prosperou
nos últimos anos. Passou de menos de 100 mil em 2000 para
mais de 650 mil em 2009. Em
2010 os cálculos apontam para
até 800 mil unidades.
O crescimento concentra-se
no segmento de baixa renda,
com participação de programas
oficiais e financiamentos com
recursos do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS).
Tal dinamismo exigirá em breve considerável elevação do financiamento direcionado ao setor. No que se refere ao crédito
ao consumidor, atualmente em
torno de 15% do PIB, o Brasil não
está tão distante do patamar médio de países emergentes. A anomalia é o crédito habitacional,
ainda em torno de 3% do PIB.
Num país que acumulou preocupante deficit de moradias, as
principais causas da mudança do
mercado foram a consolidação
da estabilidade econômica e o
aperfeiçoamento regulatório.
Vale mencionar nesse terreno
a criação do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), voltado para o desenvolvimento do
mercado secundário de créditos
imobiliários; a criação de dispositivo legal que permite a retomada do imóvel em caso de inadimplência do comprador; e a
instituição de mecanismo que
protege o empreendimento de
riscos relacionados a dívidas fiscais da construtora.
Apesar das boas perspectivas,
será necessário garantir nos próximos anos a contínua expansão
da demanda e da oferta de crédito de longo prazo.
Para tanto é essencial o compromisso do governo com o controle da inflação e a busca de novas opções de financiamento. Os
recursos da poupança e do FGTS
ainda representam a grande parcela do financiamento imobiliário. Estima-se que no ritmo atual
de aumento da demanda por crédito os recursos provenientes
dessas duas fontes podem ser insuficientes a partir de 2013.
Discute-se, por exemplo, a
transformação de dívidas imobiliárias em outros produtos financeiros mais sofisticados (securitização) como fonte de captação
de longo prazo. Seria indispensável, nesse caso, uma firme regulamentação financeira para conter a excessiva alavancagem dos
bancos e a deterioração dos padrões de análise de crédito -fatores que estiveram na raiz da
crise imobiliária americana.
Às vezes é longo o intervalo de
tempo necessário para que reformas institucionais propiciem
benefícios palpáveis para a economia. O desenvolvimento do
setor de imóveis no Brasil é prova disso. Ainda há muito a avançar -e se tudo correr bem, o país
poderá ter nos próximos anos
um dos mercados imobiliários
mais dinâmicos do mundo.
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