São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2010

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Expansão imobiliária

Estabilidade e avanços regulatórios podem levar mercado de imóveis do país a ser um dos mais dinâmicos do mundo

O CRESCIMENTO do setor imobiliário no Brasil tem sido notável. Depois de uma quase estagnação que perdurou por mais de duas décadas, o lançamento de novas unidades prosperou nos últimos anos. Passou de menos de 100 mil em 2000 para mais de 650 mil em 2009. Em 2010 os cálculos apontam para até 800 mil unidades.
O crescimento concentra-se no segmento de baixa renda, com participação de programas oficiais e financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Tal dinamismo exigirá em breve considerável elevação do financiamento direcionado ao setor. No que se refere ao crédito ao consumidor, atualmente em torno de 15% do PIB, o Brasil não está tão distante do patamar médio de países emergentes. A anomalia é o crédito habitacional, ainda em torno de 3% do PIB.
Num país que acumulou preocupante deficit de moradias, as principais causas da mudança do mercado foram a consolidação da estabilidade econômica e o aperfeiçoamento regulatório.
Vale mencionar nesse terreno a criação do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), voltado para o desenvolvimento do mercado secundário de créditos imobiliários; a criação de dispositivo legal que permite a retomada do imóvel em caso de inadimplência do comprador; e a instituição de mecanismo que protege o empreendimento de riscos relacionados a dívidas fiscais da construtora.
Apesar das boas perspectivas, será necessário garantir nos próximos anos a contínua expansão da demanda e da oferta de crédito de longo prazo.
Para tanto é essencial o compromisso do governo com o controle da inflação e a busca de novas opções de financiamento. Os recursos da poupança e do FGTS ainda representam a grande parcela do financiamento imobiliário. Estima-se que no ritmo atual de aumento da demanda por crédito os recursos provenientes dessas duas fontes podem ser insuficientes a partir de 2013.
Discute-se, por exemplo, a transformação de dívidas imobiliárias em outros produtos financeiros mais sofisticados (securitização) como fonte de captação de longo prazo. Seria indispensável, nesse caso, uma firme regulamentação financeira para conter a excessiva alavancagem dos bancos e a deterioração dos padrões de análise de crédito -fatores que estiveram na raiz da crise imobiliária americana.
Às vezes é longo o intervalo de tempo necessário para que reformas institucionais propiciem benefícios palpáveis para a economia. O desenvolvimento do setor de imóveis no Brasil é prova disso. Ainda há muito a avançar -e se tudo correr bem, o país poderá ter nos próximos anos um dos mercados imobiliários mais dinâmicos do mundo.


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