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ELIANE CANTANHÊDE
Todos contra um. Aliás, dois
BRASÍLIA - Há dois movimentos distintos e em direções contrárias, um a favor de ACM e outro contra.
A favor, vêm-se manifestando discretamente e com atraso Tasso Jereissati (tucano do Ceará), Ciro Gomes
(do PPS do Ceará) e, nos bastidores,
Itamar Franco (PMDB de Minas).
Trata-se da satisfação a um velho
amigo, como parece nítido no caso de
Tasso, misturada com a armação de
algum tipo de jogo para 2002. Se
ACM renunciar ou for cassado, pode-se tornar um bom trombone eleitoral
das oposições. Como já vinha sendo
na atuação parlamentar.
Contra ACM, estão todos os principais partidos, governistas ou de oposição. Vale citar: o PT, o PPS, o
PMDB, o PSDB. Só o PFL está ao lado
de ACM -por motivos bem específicos. Um deles é a lealdade a um velho
correligionário, outro é o interesse em
salvar o maior dono individual de
bancadas e votos do partido.
Um parêntese para Paulo Souto
(PFL-BA), que assinou o parecer alternativo ao pedido explícito de cassação. Souto, um senador respeitado,
fez política no rastro de ACM, deve a
carreira a ele. Mesmo a esquerda admite que Souto não tinha opção.
Está encerrada apenas a primeira
fase de um processo que ainda vai
dar muitas voltas até chegar a uma
conclusão. Passa pela Mesa do Senado, volta ao Conselho de Ética e finalmente vai a plenário.
Desde o enterro da CPI da corrupção, fala-se num acordo liderado por
FHC para livrar a cara de ACM. Se
houve, ou há, ainda não deu as caras.
Afinal, que raios de acordão era esse
se, a cada passo, há uma nova correria para negociações pontuais em
torno de datas, prazos, emendas, isso
e aquilo? Correria, aliás, que também
não está dando em nada.
E, se alguém pensa que o tempo corre a favor de ACM e de Arruda, é só
ver que as manifestações nas capitais,
ao contrário de esmorecerem, só aumentam. Contra eles.
A decisão de ontem do Conselho de
Ética confirma o pior prognóstico para ACM e Arruda: ou cassação ou renúncia. Enquanto é tempo.
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