São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2001

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ELIANE CANTANHÊDE

Todos contra um. Aliás, dois

BRASÍLIA - Há dois movimentos distintos e em direções contrárias, um a favor de ACM e outro contra.
A favor, vêm-se manifestando discretamente e com atraso Tasso Jereissati (tucano do Ceará), Ciro Gomes (do PPS do Ceará) e, nos bastidores, Itamar Franco (PMDB de Minas).
Trata-se da satisfação a um velho amigo, como parece nítido no caso de Tasso, misturada com a armação de algum tipo de jogo para 2002. Se ACM renunciar ou for cassado, pode-se tornar um bom trombone eleitoral das oposições. Como já vinha sendo na atuação parlamentar.
Contra ACM, estão todos os principais partidos, governistas ou de oposição. Vale citar: o PT, o PPS, o PMDB, o PSDB. Só o PFL está ao lado de ACM -por motivos bem específicos. Um deles é a lealdade a um velho correligionário, outro é o interesse em salvar o maior dono individual de bancadas e votos do partido.
Um parêntese para Paulo Souto (PFL-BA), que assinou o parecer alternativo ao pedido explícito de cassação. Souto, um senador respeitado, fez política no rastro de ACM, deve a carreira a ele. Mesmo a esquerda admite que Souto não tinha opção.
Está encerrada apenas a primeira fase de um processo que ainda vai dar muitas voltas até chegar a uma conclusão. Passa pela Mesa do Senado, volta ao Conselho de Ética e finalmente vai a plenário.
Desde o enterro da CPI da corrupção, fala-se num acordo liderado por FHC para livrar a cara de ACM. Se houve, ou há, ainda não deu as caras. Afinal, que raios de acordão era esse se, a cada passo, há uma nova correria para negociações pontuais em torno de datas, prazos, emendas, isso e aquilo? Correria, aliás, que também não está dando em nada.
E, se alguém pensa que o tempo corre a favor de ACM e de Arruda, é só ver que as manifestações nas capitais, ao contrário de esmorecerem, só aumentam. Contra eles.
A decisão de ontem do Conselho de Ética confirma o pior prognóstico para ACM e Arruda: ou cassação ou renúncia. Enquanto é tempo.


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