São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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UNIÃO CONSTANTE

Começou a reunir-se a equipe formada por integrantes das polícias Federal, Rodoviária, Civil e Militar e da Secretaria da Segurança do Estado do Rio de Janeiro que tem por objetivo reunir esforços para o combate ao crime organizado. Se puder ser minimamente preservada de pressões políticas típicas de um ano eleitoral, pode tornar-se um ponto de partida para que o poder público transforme a atuação conjunta de forças de segurança pública numa regra para o combate de determinados tipos de crime.
O ministro da Justiça, Miguel Reale Jr., manifestou o desejo de implantar forças-tarefas semelhantes em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
O crime organizado, obviamente, não respeita fronteiras nem jurisdições. Pode-se dizer, inclusive, que ele se aproveita da falta de entrosamento entre as diversas instâncias da burocracia nacional e estadual. A estrutura departamental em que estão inseridas as polícias, as secretarias de segurança, a Receita Federal, o Banco Central, o Ministério Público e as Forças Armadas é, portanto, pouco eficaz para o combate a esse tipo mais sofisticado de criminalidade.
A união em torno de objetivos comuns faz sentido. Mas ela não pode ser confundida com a simples aglutinação de forças heterogêneas e acostumadas a trabalhar separadamente umas das outras. Aqui será preciso desenvolver toda uma "tecnologia administrativa" nova, em que será particularmente importante o trabalho com bancos de dados.
Por isso, não se devem esperar brilhantes resultados iniciais das novas forças-tarefas. Apenas com muito esforço, quebra de resistências políticas e burocráticas e algum investimento é que, aos poucos, se poderá elevar o nível do combate ao crime organizado no Brasil.


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