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TENDÊNCIAS/DEBATES
Por que sou candidato
CLÁUDIO VAZ
Não era para ser assim. Em vez de
dois artigos nesta página nobre, eu
e meu oponente deveríamos ter debatido ao vivo as nossas propostas, nesta
mesma Folha, se ele tivesse aceitado o
convite feito pelo jornal nesse sentido.
Embora respeite o seu direito de assim
proceder, não posso deixar de assinalar
que há um consenso na sociedade de
que, em qualquer disputa eleitoral, mesmo em entidades de classe, o confronto
de idéias é um instrumento muito mais
confiável e legítimo de aferição da capacidade de cada um. Vamos, contudo,
aos fatos. Afinal, os leitores e, principalmente, os eleitores é que nos julgarão
por nossos atos e palavras.
O Brasil vive um momento absolutamente singular na sua história política.
Depois de um longo período de lutas,
revelando determinismo e incansável
força de vontade, um operário chega à
Presidência da República, trazendo para o centro do poder o seu partido,o PT.
Havia um projeto de chegar ao poder,
mas não um projeto de governo. Resultado: mantidas as linhas macro da economia, que vinham sendo seguidas desde meados dos anos 90, o país teima em
não crescer. É frustrante. É inquietante.
A economia, hoje, ancorada nas exportações e na agroindústria. emite claros
sinais de esgotamento. Daí a necessidade de novos rumos.
Nesse contexto, uma entidade como a
Fiesp ganha uma responsabilidade indelegável e da qual não pode fugir para
não renegar a sua história de muitos
êxitos e permanente defesa do desenvolvimento brasileiro. Nunca é demais
lembrar que, em 1980, o parque industrial brasileiro era igual ao do Canadá e
maior do que o de muitos países europeus. O crescimento desde o século 19
havia sido expressivo e consistente. Isso
não teria ocorrido sem a ação dos seus
líderes industriais no passado. De 1990 a
2003, no entanto, o PIB industrial brasileiro cresceu somente 1% ao ano!
Apesar da forte presença do Estado, a
economia brasileira, desde os idos de
barão de Mauá, vem sendo liderada por
empreendedores com capacidade de
ousar, como Roberto Simonsen, no passado, e Antonio Ermírio de Moraes, no
presente.
Essa é a motivação maior da minha
candidatura. Ao lado dos meus companheiros de diretoria, tenho certeza de
que estamos preparados para oferecer o
melhor da nossa experiência.
Num país como o nosso, precisamos do Estado como instrumento de efetiva liberdade, indutor de investimentos
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A primeira tarefa do empresariado,
então, é estar organizado, consciente
das suas responsabilidades e, acima de
tudo, preparado para ultrapassar a velha querela do antiestatismo sistemático. Num país como o nosso, precisamos
do Estado como instrumento de efetiva
liberdade, indutor de investimentos, inclusive para dar forma a uma sólida sociedade civil. Isso em nenhum momento abstrai ou elimina a prática da crítica
e a condenação dos privilégios. Em síntese, devemos procurar saídas onde elas
existem, não onde se apresentam como
mera ficção ou camufladas pela intolerância ou mesmo ingenuidade.
Defendo a idéia de que o empresariado industrial brasileiro realize amplo
trabalho de integração e articulação entre todos os setores econômicos. E que,
a partir dessa coalizão, procure desenvolver produtiva discussão com os atores sociais e políticos sobre a sua visão
quanto ao presente do país. O foco essencial são as questões maiores, que inibem a retomada do desenvolvimento
sustentado.
Nas minhas propostas de campanha,
estas e outras idéias são claramente
apresentadas. Além da redução das taxas de juros, oferta de crédito compatível com o que se pratica no mercado internacional, redução progressiva da
carga tributária, política cambial consistente, desburocratização e redução das
desigualdades regionais, enfatizo a necessidade inescapável de um trabalho
específico de apoio técnico aos sindicatos filiados. Principalmente aqueles representativos de setores econômicos típicos de micro e pequenas empresas,
fortalecendo a sua sustentação política e
estimulando o aumento do número de
associados filiados.
O Ciesp, nosso braço civil, que pela
sua capilaridade adiciona grande valor
para a difusão e apoio das teses da indústria, terá o seu suporte aprimorado
para melhor cumprir a sua importante
missão, principalmente junto às indústrias do interior paulista.
Combinando alternativas para o conjunto da economia com iniciativas voltadas ao dia-a-dia da produção, daremos novos passos à frente e afirmando a
indústria como motor da oferta de empregos e da recuperação da renda.
Por fim, um compromisso público: na
minha gestão, o sistema Fiesp/Ciesp ficará afastado de qualquer projeto político-partidário, mantendo o seu diálogo
com o governo em seus diferentes níveis, na linha de total transparência e independência. Em suma, a nossa equipe
de trabalho acredita firmemente na capacidade do empresariado industrial de
promover mudanças pela sua capacidade propositiva e na vontade política de
dialogar com o governo e a sociedade de
forma coerente e construtiva.
Cláudio Vaz, 56, diretor do Departamento de
Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo), é candidato à presidência
da entidade.
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