São Paulo, sábado, 24 de maio de 2008

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Avanços do BB

O BANCO do Brasil desencadeou negociações para incorporar a Nossa Caixa, banco controlado pelo Estado de São Paulo. Em outubro de 2006, o governo paulista suspendeu uma operação de transferência de 20% das ações que excediam ao controle da Nossa Caixa. Naquele momento, a transação, que renderia R$ 800 milhões aos cofres públicos, foi considerada pouco favorável. Decisão acertada, pois na quarta-feira o valor de mercado da Nossa Caixa era de R$ 2,9 bilhões, quase idêntico ao valor patrimonial, divulgado no balanço de março de 2008.
Em negociações anteriores, bancos brasileiros foram vendidos por duas a três vezes o valor patrimonial. Como o governo do Estado detém 71% das ações, a venda da Nossa Caixa poderia gerar de R$ 4 bilhões a R$ 6 bilhões para os cofres estaduais.
A Nossa Caixa controla a folha de pagamento de 1,1 milhão de funcionários públicos e depósitos judiciais, os quais somam R$ 16 bilhões. Por determinação constitucional, no entanto, esses depósitos devem permanecer em banco oficial. Em um leilão de privatização, tais depósitos teriam de ser transferidos para o próprio Banco do Brasil ou para a Caixa Econômica Federal. Sem os depósitos judiciais, os bancos privados seguramente ofereceriam um preço menos vantajoso para os cofres públicos.
Para o governador José Serra, a operação viabiliza recursos que podem ser utilizados na expansão dos investimentos. As finanças estaduais estão relativamente organizadas, mas não há tanta sobra de caixa para a realização de novas obras. Apenas a expansão do metrô e das linha da CPTM prevê gastos de R$ 17 bilhões, até 2011.
A operação parece ser positiva para os principais agentes envolvidos. Para o Banco do Brasil, permite o acesso a fontes de recursos de custos estáveis. O fortalecimento da maior instituição financeira pública deverá acirrar a competição entre os grandes conglomerados privados, ampliando a oferta de crédito e de serviços, com redução das taxas de juros e das tarifas. Para o governo de São Paulo, possibilita novos recursos a fim de viabilizar o financiamento da expansão da infra-estrutura.


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