São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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VALDO CRUZ

De fato, mau gosto!

BRASÍLIA - Por mais que o presidente Lula e Dilma Rousseff não gostem, o tratamento da ministra contra um câncer saiu definitivamente das conversas de bastidores e contaminou de vez o debate sobre a eleição de 2010.
Não é, claro, uma questão com a qual seja fácil lidar. Envolve um drama pessoal, só que Dilma é uma personalidade pública, com expectativa de poder -o que, queira ou não, tira boa parte de seu direito à privacidade.
A pré-candidata tem toda razão, por exemplo, em considerar mau gosto misturar doença com política. Só que as coisas nesse mundo funcionam assim. Ponto.
A classe política simplesmente não tem nenhum tipo de prurido quando enxerga pela frente um espaço vazio. Trato logo de se antecipar e ocupá-lo. É o que está acontecendo e seguirá assim até o término do tratamento da ministra.
Dilma pode contribuir para esvaziar essas tentativas de transformar seu drama em maquinações políticas. Um bom caminho é encarar os fatos, até onde seja possível, com a tranquilidade demonstrada ao sair do hospital semana passada, quando admitiu estar usando uma "peruquinha básica".
Caso contrário, só estará alimentando o apetite de seus pretensos aliados. Muitos deles companheiros de oportunidade diante da decisão presidencial de lançá-la candidata a seu posto.
Não são poucos aqueles que enxergam em sua doença uma forma de retirá-la desde já do páreo. Dentro do PMDB, mais explicitamente; no PT, disfarçadamente. Não que não sejam solidários a ela, pelo contrário. Mas político não gosta de perder oportunidade.
Dilma, contudo, tem o apoio que conta de verdade nesse processo. O de Lula, que acredita de fato em sua recuperação. Daí que, gostem ou não, seus "aliados" terão de esperar setembro chegar.

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