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VALDO CRUZ
De fato, mau gosto!
BRASÍLIA - Por mais que o presidente Lula e Dilma Rousseff não
gostem, o tratamento da ministra
contra um câncer saiu definitivamente das conversas de bastidores
e contaminou de vez o debate sobre
a eleição de 2010.
Não é, claro, uma questão com a
qual seja fácil lidar. Envolve um
drama pessoal, só que Dilma é uma
personalidade pública, com expectativa de poder -o que, queira ou
não, tira boa parte de seu direito à
privacidade.
A pré-candidata tem toda razão,
por exemplo, em considerar mau
gosto misturar doença com política.
Só que as coisas nesse mundo funcionam assim. Ponto.
A classe política simplesmente
não tem nenhum tipo de prurido
quando enxerga pela frente um espaço vazio. Trato logo de se antecipar e ocupá-lo. É o que está acontecendo e seguirá assim até o término
do tratamento da ministra.
Dilma pode contribuir para esvaziar essas tentativas de transformar
seu drama em maquinações políticas. Um bom caminho é encarar os
fatos, até onde seja possível, com a
tranquilidade demonstrada ao sair
do hospital semana passada, quando admitiu estar usando uma "peruquinha básica".
Caso contrário, só estará alimentando o apetite de seus pretensos
aliados. Muitos deles companheiros de oportunidade diante da decisão presidencial de lançá-la candidata a seu posto.
Não são poucos aqueles que enxergam em sua doença uma forma
de retirá-la desde já do páreo. Dentro do PMDB, mais explicitamente;
no PT, disfarçadamente. Não que
não sejam solidários a ela, pelo contrário. Mas político não gosta de
perder oportunidade.
Dilma, contudo, tem o apoio que
conta de verdade nesse processo. O
de Lula, que acredita de fato em sua
recuperação. Daí que, gostem ou
não, seus "aliados" terão de esperar
setembro chegar.
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