|
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Editoriais
editoriais@uol.com.br
10 bilhões de pessoas
ONU refaz sua projeção para população mundial no final do século, pois a fecundidade em países pobres cai de modo mais lento do que se previa
No dia 18 de junho de 2083, o
mundo alcançará a marca de 10
bilhões de habitantes, 3 bilhões a
mais que neste ano. Outros 100
milhões se agregarão na década
seguinte, quando então a população mundial começará a declinar.
A aparente precisão das projeções produzidas pela Organização
das Nações Unidas é enganosa.
Elas se baseiam numa sucessão
encadeada de hipóteses que nem
sempre se verificam na realidade.
Por essa razão a ONU revisa suas
extrapolações a cada biênio.
A revisão de 2010 trouxe uma
novidade de algum impacto simbólico: a população mundial não
vai mais alcançar um máximo de
9,15 bilhões por volta de 2050, como previa a última revisão (2008).
Continuará crescendo até 10,1 bilhões, em 2100, para então estabilizar-se e começar a declinar.
Um bilhão a mais de pessoas no
planeta faz diferença. Com menos
de 7 bilhões, hoje, desponta por
toda a parte um tema abafado por
décadas -o imperativo de refrear
o aumento da população, diante
da escassez crescente de recursos
naturais para sustentar tanta gente sobre a Terra.
O alarmismo malthusiano dos
anos 1960, quando se previa a
morte de milhões em grandes epidemias de fome, perdeu força
diante dos avanços na produção
de alimentos e da queda rápida de
taxas de fecundidade em vários
países. No Brasil, por exemplo, ela
está em 1,9 filho por mulher, abaixo do valor de reposição (2,1).
Em 2008, a ONU projetava que
todos os países convergiriam para
uma fecundidade de 1,85 até o final do século. Agora, estima que
ela tenderá para 2,1. Em vários países, sobretudo nos da África, as taxas não estão caindo tão rapidamente quanto se projetava. Em
2100, muitas dessas nações ainda
terão população em crescimento.
Não é necessário que se materialize o pesadelo malthusiano da
fome para perceber que tal pressão populacional sobrecarrega o
desenvolvimento dos países mais
pobres. Eles precisarão gerar ainda mais renda para dar uma vida
digna a seus habitantes.
Para frear o ímpeto demográfico, basta dar às mulheres informação, acesso a contraceptivos baratos ou gratuitos e cuidados de saúde materna e infantil.
Filhos são uma bênção, sobretudo quando livremente escolhidos -e não como frutos do acaso,
ou da necessidade.
Próximo Texto: Editoriais: Direitos espancados
Índice | Comunicar Erros
|