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O TABACO EM XEQUE
O acordo inédito entre a indústria
do tabaco dos EUA e 40 Estados do
país -envolvendo uma espécie de
indenização envolvendo US$ 368,5
bilhões- revela uma importante vitória política de grupos antitabagistas daquele país.
Ainda não estão claros os efeitos
econômicos desse acordo para os fabricantes. Por enquanto, as indústrias declaram que ganharam tempo
para repensar suas estratégias, desenvolver novos produtos e conseguir evitar uma maré crescente de
ações judiciais cada vez mais caras.
Mas esse histórico acordo tem um
significado certo. Lembra mais uma
vez discussões incontornáveis: aquela sobre os evidentes malefícios do
fumo, o debate sobre o papel do poder público na questão e, consequentemente, o da crescente, e às vezes
histérica, pressão contra opções individuais, como a de fumar.
Tal debate fica mais oportuno para
o Brasil quando se observa a tendência dos fabricantes de se deslocarem
para países mais pobres, nos quais a
regulamentação antifumo é menor e
o mercado futuro mais promissor.
São evidentes os gastos com que o
setor público -e aí em qualquer parte do mundo, variando apenas o
grau- tem de arcar com internações
e pensões devido a doenças causadas
pelo fumo. Espera-se que o Estado
zele pela saúde de seus cidadãos, limitando o alcance da propaganda de
cigarros sobre jovens, por exemplo, e
que leve também em consideração os
custos futuros dos danos causados
pelo hábito de fumar.
O provável hoje, de acordo com dados da OMS, é que, enquanto nos
países desenvolvidos a população fumante deverá declinar nas próximas
décadas, o exato inverso poderá
ocorrer nas nações mais pobres.
Enquanto certos governos podem
ver-se tentados a abocanhar as rápidas vantagens fiscais oriundas do comércio de tabaco, parece claro que,
em médio e longo prazo, quem assim proceder terá de enfrentar prejuízos maiores que os benefícios que
a tributação possa propiciar.
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