São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Refugiados

EIS AÍ UMA realidade que faz parte do fenômeno universal da mobilidade humana. As migrações sempre acompanharam a história -por razões de fome, de guerras, de atração por oportunidades novas de trabalho e de sobrevivência e de tensões políticas, culturais e religiosas. Hoje, acrescenta-se o incremento do turismo, que leva os povos a se deslocarem numa proporção sempre maior. Os que decidem se estabelecer em um ambiente diferente de onde nasceram, quase sempre em busca de melhores condições de vida, formam o enorme contingente de migrantes. A atenção dos países e a solicitude das Igrejas e das sociedades humanitárias encontra, no ideal de promover a vida digna para os migrantes, campo de constante atuação. Há, no entanto, um contingente que merece especial acolhida. São os refugiados. São homens e mulheres que foram forçados a deixar a sua terra por motivo de perseguição política, vítimas de incompreensão tribal, partidária, étnica e, não raro, religiosa. Não podem mais permanecer na sua própria nação por correrem até perigo de morte. São privados de seus direitos. Devem, às vezes, partir às escondidas, sem nada levar para salvar a própria vida. Vivemos, também nós, em passado recente, situações como essas. Para onde vão? Abre-se um longo caminho de sofrimento e de incertezas. Partem em busca de amparo e de proteção humanitária. Acabamos de celebrar o Dia dos Refugiados, questionando a nossa consciência para oferecer-lhes os auxílios de que necessitam. Em nível internacional, é preciso reconhecer o enorme serviço prestado pelo Acnur, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, com presença permanente no Brasil. No entanto, a ajuda humanitária requer uma verdadeira rede de entidades governamentais, religiosas e filantrópicas que possa acompanhar os refugiados, auxiliando-os a se inserir na nova realidade. A palavra do Papa Bento 16 em sua Encíclica "Deus Caritas Est" refere-se insistentemente à organização da caridade, iluminada pela palavra e pelo exemplo de Jesus Cristo. Isso significa que, para a Igreja, além da competência profissional, são indispensáveis as atenções sugeridas pelo coração que nascem do encontro com Cristo, Bom Samaritano, que sabe ver as necessidades e acolher o ser humano com amor gratuito. É preciso que todos sintam que são amados e que, mais forte do que o egoísmo, as distâncias e as separações, é a fraternidade dos filhos de Deus. almendescuria yahoo.com.br


DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA escreve aos sábados nesta coluna.


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