São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
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A CAMPANHA DAS MULHERES

As eleições para as prefeituras estão longe, as candidaturas por ora mal se destacam. Ainda assim, os partidos que pretendam derrotar as duas mulheres de esquerda que ora despontam entre os favoritos têm uma difícil equação para resolver.
A ex-deputada federal Marta Suplicy (PT) lidera hoje a disputa pela prefeitura de São Paulo com 36% das intenções de voto, quaisquer que sejam seus adversários, segundo pesquisa Datafolha. A ex-prefeita e ex-petista Luiza Erundina (PSB) disputa a segunda posição com o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), cerca de 15 pontos atrás de Marta.
Maluf por ora nega sua candidatura, mas como seus cálculos eleitorais costumam ser muito circunstanciais, seu destino parece tão imprevisível como os ventos da política no ano 2000. Mas, ainda que decida lançar-se à prefeitura, terá muito trabalho para explicar a obra política que deixou, para dizer o menos. Maluf produziu Celso Pitta, levou São Paulo a um estado pré-falimentar e de resto tem como companheira de viagem a bancada preferida da promotoria, alvo maior de inquéritos.
Os candidatos do PSDB, ao que parece, ainda precisam ser apresentados ao eleitor paulistano. Por ora eles teriam dificuldade de vencer até Celso Pitta, cujo governo é ruim ou péssimo para 73% dos paulistanos, que, em 60% dos casos, também querem seu impeachment.
O destino do tucanato municipal parece depender do que o governo federal será capaz de fazer para reduzir a deterioração econômica e social, não só porque o presidente é tucano, mas também porque a cidade de São Paulo é duramente atingida pela crise. Há problemas adicionais: a avaliação do governo Mário Covas, também do PSDB, é boa, mas nada extraordinária e, de resto, algo da popularidade de Fernando Henrique Cardoso pode estar perdida por muito tempo. Parece difícil, pois, dar impulso aos pré-candidatos tucanos, nomes aliás não muito carismáticos.
O fato é que as pré-candidatas da esquerda ainda devem ter muito tempo para surfar na onda de insatisfação popular e na falta de renovação na política de São Paulo.


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