BRASÍLIA - Uma fita de vídeo de 20 minutos mostra como é o comportamento dos tucanos no Ceará. Dois comícios registrados neste mês mostram um feliz Tasso Jereissati ao lado de outros integrantes do PSDB falando abertamente a favor de Ciro Gomes, o presidenciável do PPS.
Os comícios foram no extremo sul do Ceará, numa região conhecida como Cariri. Nos discursos, nenhuma menção ao candidato tucano a presidente, José Serra.
Em tese, esse comportamento seria o esperado no Ceará. O presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito em 98, mas ficou em terceiro lugar entre os cearenses.
A ausência da campanha de Serra no Cariri pode, portanto, ser dada como um fato menor, sem grande importância. Certo? Errado.
Em 98, apesar de ter sido derrotado no Ceará, FHC teve expressiva votação. Ficou com 30,31% dos votos válidos. Ciro ficou em primeiro, com 34,24%. Lula (32,84%) acabou espremido na segunda colocação.
Agora, a situação é bem diversa. Uma pesquisa realizada pelo Ibope nos dias 1º a 4 deste mês mostra que Ciro tem 49% das intenções de voto dos cearenses. Lula está com 34%. Serra amarga um percentual que beira o de um nanico: meros 7%.
Não é necessário um marqueteiro para saber o que se passa no Ceará -e possivelmente em outras regiões do país. A prefeita Fábia Alencar (PSDB), eleitora de Ciro em Nova Olinda, cidade de 12.079 habitantes onde foi realizado um dos comícios gravados, tem a explicação:
"As coisas são cíclicas. Acho o Fernando Henrique um dos melhores presidentes que o Brasil já teve. Mas o momento é outro".
A sabedoria de Fábia vai além:
"Se o Fernando Henrique pedir votos para o Serra, isso talvez ajude no restante do país. Não no Ceará".
Eis aí um conselho para os tucanos, direto do Cariri. "Mas é difícil transferir votos", adverte Fábia. Ainda assim, é o recurso, talvez único, que Serra tem à sua disposição.



Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O risco Morgan
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Daniel, o Venturoso
Índice