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PLÍNIO FRAGA
Costeando o alambrado
RIO DE JANEIRO - Leonel Brizola, vezeiro em assistir a aliados
transformarem-se em adversários,
tinha uma expressão engraçada para antecipar crise vindoura com um
afilhado político: "Está costeando o
alambrado", dizia em referência ao
gado prestes a cruzar a linha demarcatória de uma fazenda.
Homem de formação religiosa e
com décadas de refúgio em estância
uruguaia, Brizola juntava afabilidade no trato com idéias agrestes. Não
era à toa que trazia para a política
imagens nascidas da convivência
com o gado.
Brizola, apesar de gaúcho, foi a última liderança com base no Rio a
ter influência nacional -para o
bem e para o mal. Os dois candidatos a caciques políticos no Estado
atualmente -Cesar Maia e Anthony Garotinho- são reses que fugiram em momentos distintos do
alambrado do caudilho.
O fantasma de Brizola -sim, o
ex-governador acreditava neles: em
oito anos, só dormiu uma noite no
Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo do Rio, quando disse ter ouvido fantasmas arrastarem
correntes- deve estar se divertindo
com o futuro próximo de seus desafetos. Estão perto de verem seus
cordeiros costearem o alambrado.
Sergio Cabral (PMDB), líder nas
pesquisas ao governo do Rio, ganhou votos em proporção semelhante ao aumento da desaprovação dos seus maiores aliados -Rosinha e Garotinho. Distanciar-se
deles é o caminho mais curto para
vencer. Denise Frossard (PPS), que
está em terceiro, empacou depois
que recebeu o apoio de Maia. Marcelo Crivella (PRB), em segundo,
prefere as ovelhas da Universal. A
eleição no Rio caminha para sepultar seus últimos candidatos a líderes nacionais. Arrombaram a cerca.
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