São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2006

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PLÍNIO FRAGA

Costeando o alambrado

RIO DE JANEIRO - Leonel Brizola, vezeiro em assistir a aliados transformarem-se em adversários, tinha uma expressão engraçada para antecipar crise vindoura com um afilhado político: "Está costeando o alambrado", dizia em referência ao gado prestes a cruzar a linha demarcatória de uma fazenda.
Homem de formação religiosa e com décadas de refúgio em estância uruguaia, Brizola juntava afabilidade no trato com idéias agrestes. Não era à toa que trazia para a política imagens nascidas da convivência com o gado.
Brizola, apesar de gaúcho, foi a última liderança com base no Rio a ter influência nacional -para o bem e para o mal. Os dois candidatos a caciques políticos no Estado atualmente -Cesar Maia e Anthony Garotinho- são reses que fugiram em momentos distintos do alambrado do caudilho.
O fantasma de Brizola -sim, o ex-governador acreditava neles: em oito anos, só dormiu uma noite no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo do Rio, quando disse ter ouvido fantasmas arrastarem correntes- deve estar se divertindo com o futuro próximo de seus desafetos. Estão perto de verem seus cordeiros costearem o alambrado.
Sergio Cabral (PMDB), líder nas pesquisas ao governo do Rio, ganhou votos em proporção semelhante ao aumento da desaprovação dos seus maiores aliados -Rosinha e Garotinho. Distanciar-se deles é o caminho mais curto para vencer. Denise Frossard (PPS), que está em terceiro, empacou depois que recebeu o apoio de Maia. Marcelo Crivella (PRB), em segundo, prefere as ovelhas da Universal. A eleição no Rio caminha para sepultar seus últimos candidatos a líderes nacionais. Arrombaram a cerca.


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