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FERNANDO RODRIGUES
Sanguessugas e eleição
BRASÍLIA - Ainda é incerto o efeito do escândalo dos deputados e senadores sanguessugas na eleição.
Nos diversos relatos do caso, passa de cem o número de congressistas envolvidos. Quase todos os principais partidos políticos têm gente
encrencada, do PSDB ao PT, passando pelos mensaleiros clássicos
(PP, PL e PTB) e por siglas tarefeiras como PMDB e PFL.
Os neo-éticos tucanos e pefelistas certamente terão dificuldade
para usar o caso apenas contra seus
adversários. Os petistas também
devem optar por um surto de afasia
-pois não será fácil eximir o Ministério da Saúde de, no mínimo, ter sido leniente com a tramóia.
Ontem, revistas e jornais, esta
Folha inclusive, trouxeram farto
material sobre os sanguessugas.
Não se trata apenas de mais uma
acusação comum no oceano de irregularidades vividas pelo Congresso.
É, com segurança, o mais bem documentado episódio de roubalheira
dentro do Poder Legislativo federal
desde o retorno do país à democracia há 21 anos.
Pode-se argumentar que já houve
corrupção de maior porte. É verdade. Mas desta vez há provas documentais muito contundentes.
Como as eleições para a Câmara
são proporcionais, é raro um candidato a deputado gastar seu tempo
para apontar desvios de conduta de
seus oponentes. Até porque há sanguessugas em toda parte e existem
vagas para todos. Não é desprezível
a chance de a maioria ser reeleita.
Tudo para dizer que a solução
desse caso está nas mãos do Tribunal Superior Eleitoral. O artigo 14
da Constituição permite a impugnação do "mandato eletivo" antes
da posse se houver "provas de abuso do poder econômico, corrupção
ou fraude". Existem provas. Se essa
escória for reeleita, poderá ser impedida de voltar ao Congresso. Basta coragem e ousadia do TSE.
frodriguesbsb@uol.com.br
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