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JOSÉ SARNEY
A China sai na frente
A CHINA -que quer dizer
Terra do Meio- sempre
despertou um fascínio na
humanidade. A começar pelo seu
modo de pensar condensado no
taoísmo e no confucionismo, a teoria do yang e yin, isto é, o modo de
vida em que o comportamento humano tem sempre duas faces, a do
bem e do mal, o que poeticamente
eles chamavam o brilho solar
(yang) e a sombra sem calor e luz
(yin). As ideias chinesas muito influenciaram o Ocidente, bem como
o nosso pensamento, desde quando Marco Pólo trouxe as novidades
que maravilhavam a Europa, desde
a misteriosa bússola, passando pelo papel e até o garfo que fez tanto
sucesso em Veneza.
Napoleão forjou aquela famosa
frase que foi até título de um livro
extraordinário de Alain Peyrefitte
-"Quando a China despertar o
mundo tremerá"-, que há muito
tempo li, no nascer da curiosidade
pela China fechada e mergulhada
na Revolução Cultural de Mao Tsé
Tung, que dizia que não era, embora fosse, um confucionista.
A China despertou, o mundo não
tremeu, mas o seu caminho é de
passos largos. Agora mesmo, depois da grande crise que o mundo
viveu e ainda vive, a China é o único
país das cinco maiores economias
do mundo que cresce. Os números
anunciados da alta do seu PIB no
último trimestre mostram que a
China saiu da crise e pode puxar a
economia mundial.
Seus números são altamente positivos: 7,9%, depois de crescer
6,1% no primeiro trimestre. Embora baixos para a China, que estava
acostumada a subir na taxa de dois
dígitos, mostra que o seu crescimento é constante e não uma simples bolha ocasional.
Ainda remanescem a baixa de
suas exportações, mas os planos de
investimento com base no setor
governamental deu certo e a economia, conforme dizem os próprios chineses, "está rebrotando", e
são considerados extraordinários
os resultados alcançados. Foi importante na recuperação o mercado interno. O que mais abalou a
China foi o temor do desemprego,
que foi forte, no país que é o mais
populoso da Terra.
Outro aspecto que causava temor era a estabilidade social. A
atividade industrial e o nível
de venda das lojas mostram índices
de sustentação e crescimento
acelerado. A meta chinesa para
este ano é de 8% e parece que no
meio do ano eles já se aproximam
do que planejaram.
Em nível mundial, estes números estão criando um forte otimismo, e a China, que caminhava
atrás, agora está sendo o carro-chefe do crescimento mundial e desperta a esperança de que ajudará a
todos a sair da crise -sabendo
sempre que todas as coisas, como
sua filosofia manda, tem duas faces: a do Sol e a da Lua.
jose-sarney@uol.com.br
JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna.
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