São Paulo, sexta-feira, 24 de julho de 2009

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JOSÉ SARNEY

A China sai na frente

A CHINA -que quer dizer Terra do Meio- sempre despertou um fascínio na humanidade. A começar pelo seu modo de pensar condensado no taoísmo e no confucionismo, a teoria do yang e yin, isto é, o modo de vida em que o comportamento humano tem sempre duas faces, a do bem e do mal, o que poeticamente eles chamavam o brilho solar (yang) e a sombra sem calor e luz (yin). As ideias chinesas muito influenciaram o Ocidente, bem como o nosso pensamento, desde quando Marco Pólo trouxe as novidades que maravilhavam a Europa, desde a misteriosa bússola, passando pelo papel e até o garfo que fez tanto sucesso em Veneza.
Napoleão forjou aquela famosa frase que foi até título de um livro extraordinário de Alain Peyrefitte -"Quando a China despertar o mundo tremerá"-, que há muito tempo li, no nascer da curiosidade pela China fechada e mergulhada na Revolução Cultural de Mao Tsé Tung, que dizia que não era, embora fosse, um confucionista.
A China despertou, o mundo não tremeu, mas o seu caminho é de passos largos. Agora mesmo, depois da grande crise que o mundo viveu e ainda vive, a China é o único país das cinco maiores economias do mundo que cresce. Os números anunciados da alta do seu PIB no último trimestre mostram que a China saiu da crise e pode puxar a economia mundial.
Seus números são altamente positivos: 7,9%, depois de crescer 6,1% no primeiro trimestre. Embora baixos para a China, que estava acostumada a subir na taxa de dois dígitos, mostra que o seu crescimento é constante e não uma simples bolha ocasional.
Ainda remanescem a baixa de suas exportações, mas os planos de investimento com base no setor governamental deu certo e a economia, conforme dizem os próprios chineses, "está rebrotando", e são considerados extraordinários os resultados alcançados. Foi importante na recuperação o mercado interno. O que mais abalou a China foi o temor do desemprego, que foi forte, no país que é o mais populoso da Terra.
Outro aspecto que causava temor era a estabilidade social. A atividade industrial e o nível de venda das lojas mostram índices de sustentação e crescimento acelerado. A meta chinesa para este ano é de 8% e parece que no meio do ano eles já se aproximam do que planejaram.
Em nível mundial, estes números estão criando um forte otimismo, e a China, que caminhava atrás, agora está sendo o carro-chefe do crescimento mundial e desperta a esperança de que ajudará a todos a sair da crise -sabendo sempre que todas as coisas, como sua filosofia manda, tem duas faces: a do Sol e a da Lua.

jose-sarney@uol.com.br

JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna.



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