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MEGAERROS
Voltam ao cenário econômico
brasileiro quase todos os ingredientes do modelo de ajuste que condenou o país a praticamente duas décadas perdidas, a de 80 e a de 90.
Sem financiamento, o país não tem
opção, e a economia se desacelera,
fazendo o ajuste necessário para
honrar os compromissos externos.
A geração de "megassuperávits" é
fruto dessa lógica. O governo anunciou que fará um saldo exportador de
pelo menos US$ 7 bilhões em 2002.
Não há mágica nem mérito maior
nessa trajetória. O saldo comercial
aumenta não preponderantemente
porque o país se torne mais competitivo, mas principalmente porque a
perda de vigor na economia é o ajuste
doloroso que provoca uma forte queda nas importações.
A façanha, que impõe sacrifícios a
empresas e trabalhadores, não é
pouca. Afinal, a capacidade de gerar
um fluxo de dólares no comércio é
uma das condições para acalmar os
credores que esperam receber seus
dólares como retorno de investimentos e empréstimos.
O corte do crédito externo, no entanto, leva o país a fazer a "lição de
casa", impondo austeridade a empresas, consumidores e governos.
Diante da falta de linhas de financiamento, quem pode liquida ao menos parte de seus compromissos. A
liquidação de contratos em dólar
pressiona o câmbio agora, mas no
futuro diminuem esses encargos.
Em tese, portanto, a contração da
economia, combinada à falta de crédito externo, obriga a economia do
Brasil a viver com os próprios meios,
comportamento que, no médio prazo, tenderia, aos poucos, a reconduzir o país à normalidade.
Com menos dívidas para pagar e se
mostrando capaz de captar dólares
pelo comércio exterior, o Brasil voltaria a ser confiável e supostamente
poderia endividar-se novamente,
mas de modo sustentável.
Na prática, os ciclos de endividamento se sucedem e a lição não é
aprendida por sucessivos governos.
Os megassuperávits resultam de
megaerros de política econômica. E
as seguidas crises cambiais adiam o
futuro promissor tão esperado pela
economia brasileira.
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