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ALVOROÇO NO NINHO
Tasso Jereissati há muito não
é apenas um ator político "neutro" nas eleições presidenciais. Depois que perdeu a batalha política no
PSDB pela indicação de seu nome à
Presidência da República, o que dele
esperava o núcleo da campanha de
José Serra não era uma atitude de engajamento em prol do senador paulista. Mas o que talvez tenha surpreendido, além da oficialização da
dissidência do ex-governador do
Ceará, é Tasso ter assumido, nos
bastidores, papel decisivo na campanha de Ciro Gomes.
Tasso Jereissati, assim como o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães, atua na tessitura de
uma rede de apoios ao presidenciável
da Frente Trabalhista entre figuras de
um certo "establishment" empresarial e acadêmico. A adesão do economista ultraliberal radicado no exterior José Alexandre Scheinkman, por
exemplo, foi mediada, ao que tudo
indica, por Tasso Jereissati. Essa remodelagem algo apressada da imagem de Ciro Gomes é coerente com
o apoio que a sua candidatura vem
recebendo de setores recentemente
desgarrados do governismo, notadamente do PFL.
Se a fidelidade partidária fosse um
valor de fato na política brasileira, a
atitude de Jereissati teria sido imediatamente punida pelo PSDB. Mas os
partidos no Brasil, em regra, não refletem divergências sociais e/ou regionais inconciliáveis, daí a facilidade com que se troca de legenda.
Nesse caso concreto, não parece
haver interesse, por parte de caciques
tucanos, de "queimar as pontes"
com Tasso Jereissati.
Tasso, afinal, pode representar um
caminho de retorno ao ninho tucano
de um setor conservador da elite social e política nacionais, no caso de
uma vitória de José Serra. E pode,
igualmente, representar um caminho de ida para políticos tucanos, no
caso de uma vitória de Ciro Gomes.
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