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REAJUSTE DAS MOEDAS
Um comunicado do G-7, grupo formado pelos sete países
mais industrializados do mundo, defendeu uma política internacional de
flexibilidade cambial. Sob a liderança dos EUA, o grupo pretende conter
as políticas de câmbio intervencionistas praticadas pelo Japão e pela
China e, consequentemente, diminuir o elevado déficit comercial norte-americano. Assim, os EUA vêm
adotando uma política de "negligência benigna" do dólar, procurando
orquestrar sua desvalorização gradual a fim de dinamizar sua economia e conter as ameaças de deflação.
Nesse momento, o realinhamento
das principais moedas internacionais é bastante complexo e de difícil
execução. O mero temor de que o
Banco do Japão deixaria de intervir
agressivamente desencadeou uma
abrupta valorização do iene. A moeda japonesa rompeu a barreira dos
115 ienes por dólar que o Banco do
Japão procurava manter desde 1998.
Entre janeiro e julho, as compras de
dólar pelo Banco do Japão somaram
9 trilhões de ienes. A estratégia visa
conter a longa deflação que vem desde 1994 naquele país, num quadro
em que a taxa básica de juros já é praticamente igual a zero (0,001%).
A China, por sua vez, adotou um
sistema de desvalorização de sua
moeda em relação ao dólar ("currency peg"), garantindo um superávit comercial com os EUA acima de
US$ 100 bilhões. Ele é fruto também
das exportações de empresas transnacionais que produzem no território chinês e exportam para os EUA.
Uma valorização do iene e da moeda chinesa (yuan) poderia impulsionar as pressões deflacionistas nessas
economias sem alterar seus balanços
externos, agravando a fragilidade da
economia internacional. Assim, parece insuficiente repetir a atitude resumida por John Connoly, secretário
de Tesouro da gestão Nixon (1968-1974): "O dólar é a nossa moeda,
mas o problema é de vocês". Mais do
que ajustes cambiais, o quadro internacional sugere a necessidade de
maior coordenação com o objetivo
de criar condições para uma recuperação mais sólida da economia global -uma tarefa enormemente
complexa.
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