UOL




São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Próximo Texto | Índice

REAJUSTE DAS MOEDAS

Um comunicado do G-7, grupo formado pelos sete países mais industrializados do mundo, defendeu uma política internacional de flexibilidade cambial. Sob a liderança dos EUA, o grupo pretende conter as políticas de câmbio intervencionistas praticadas pelo Japão e pela China e, consequentemente, diminuir o elevado déficit comercial norte-americano. Assim, os EUA vêm adotando uma política de "negligência benigna" do dólar, procurando orquestrar sua desvalorização gradual a fim de dinamizar sua economia e conter as ameaças de deflação.
Nesse momento, o realinhamento das principais moedas internacionais é bastante complexo e de difícil execução. O mero temor de que o Banco do Japão deixaria de intervir agressivamente desencadeou uma abrupta valorização do iene. A moeda japonesa rompeu a barreira dos 115 ienes por dólar que o Banco do Japão procurava manter desde 1998. Entre janeiro e julho, as compras de dólar pelo Banco do Japão somaram 9 trilhões de ienes. A estratégia visa conter a longa deflação que vem desde 1994 naquele país, num quadro em que a taxa básica de juros já é praticamente igual a zero (0,001%).
A China, por sua vez, adotou um sistema de desvalorização de sua moeda em relação ao dólar ("currency peg"), garantindo um superávit comercial com os EUA acima de US$ 100 bilhões. Ele é fruto também das exportações de empresas transnacionais que produzem no território chinês e exportam para os EUA.
Uma valorização do iene e da moeda chinesa (yuan) poderia impulsionar as pressões deflacionistas nessas economias sem alterar seus balanços externos, agravando a fragilidade da economia internacional. Assim, parece insuficiente repetir a atitude resumida por John Connoly, secretário de Tesouro da gestão Nixon (1968-1974): "O dólar é a nossa moeda, mas o problema é de vocês". Mais do que ajustes cambiais, o quadro internacional sugere a necessidade de maior coordenação com o objetivo de criar condições para uma recuperação mais sólida da economia global -uma tarefa enormemente complexa.


Próximo Texto: Editoriais: FATO CONSUMADO
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.