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São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Diário
"Em atenção à carta do senhor Hermínio Silva Júnior ("Painel do Leitor", 22/9), tenho o seguinte a ponderar. Em 1981, o Instituto Holandês para Documentação de Guerra (Nederlands Instituut voor Oorlogsdocumentatie), que detém todos os escritos originais de Anne Frank, submeteu seus diários manuscritos ao Laboratório de Ciência Forense do Ministério da Justiça do Estado Holandês para determinar a sua autenticidade. O referido laboratório examinou os materiais usados -a tinta, o papel, a cola e a caligrafia-, emitindo um relatório que demonstrava terem os diários de Anne Frank sido escritos por ela entre os anos de 1942 e 1944. Assim, refutaram-se definitivamente as alegações de autoria pós-Guerra de outra pessoa. Quanto à afirmação de que teria sido usada caneta esferográfica -objeto inventado após a Segunda Guerra-, trata-se de mito persistente. Os escritos de Anne não foram feitos com caneta esferográfica. As poucas anotações em tinta esferográfica foram introduzidas posteriormente por outra pessoa. Um sumário desse relatório do Ministério da Justiça Holandês encontra-se no livro "The Diary of Anne Frank: the critical edition", preparado pelo Instituto Holandês de Documentação e publicado em 1989 em inglês."
Tercio Sampaio Ferraz Júnior (São Paulo, SP)

Entrevista
"Na entrevista "Nova classe social comanda governo Lula, diz sociólogo" (Brasil, 22/9), o professor Francisco de Oliveira refere-se a mim no trecho "eu usei no "Ornitorrinco", só não dei o nome, mas todo mundo reconhecerá, esse sr. Delúbio Soares. Esse rapaz era um metalúrgico. Foi a Folha que noticiou, e eu tomei a notícia daí, que o aniversário dele foi comemorado numa fazenda em Goiás, numa festa de arromba, e a reportagem contou 18 jatinhos na tal fazenda. Isso é trabalhador?". Esclareço que a referida festa era a festa de Santos Reis, realizada na fazenda Barreirinho, em Buriti Alegre (GO), em 4/1/2003. Essa festa faz parte da tradição da cidade e a cada ano realiza-se sob a responsabilidade dos festeiros escolhidos pela comunidade. Neste ano, a festeira foi minha mãe, que cumpria promessa de 40 anos de um voto que fizera. Na ocasião, o "Painel" publicou nota referindo-se à presença de jatinhos na festa. Solicitei ao repórter da coluna em Brasília que retificasse a notícia a bem da verdade, porque não havia jatinhos e não era meu aniversário. Embora em toda a minha trajetória eu sempre tenha tido laços estreitos com os metalúrgicos, sou professor de matemática e nunca fui metalúrgico."
Delúbio Soares, secretário Nacional de Finanças e Planejamento do Partido dos Trabalhadores (Brasília, DF)

 

"A Folha abriu um enorme e generoso espaço para a entrevista que concedi ao repórter Rafael Cariello. Nesse mesmo espírito, solicito publicar uma retificação de minha parte às informações sobre o senhor Delúbio Soares. Segundo ele, e não tenho por que duvidar, ele não é nem nunca foi metalúrgico; a festa que houve foi uma festa popular de tradição na cidade onde nasceu, em Goiás, e não houve caravana de jatinhos. Em atenção e respeito às pessoas das quais discordo na prática política, peço que façam essa minha retratação. Não retiro nada das considerações a respeito da nova classe social que se está formando e de sua influência no PT, mas respeito aqueles de quem discordo. E o repórter Rafael Cariello foi absolutamente fiel ao que eu declarei, não lhe cabendo nenhuma responsabilidade por eventuais falhas de informação de minha parte."
Francisco de Oliveira (São Paulo, SP)

Amamentação
"A reportagem "Pressão pela amamentação preocupa mães com problemas" (Cotidiano, 21/9) é meritória por levantar a discussão sobre um tema que não pode ficar esquecido: o aleitamento materno. Eis algumas reflexões de consenso e embasamento científico sólido: 1. o leite materno é o alimento ideal para a criança -tanto do ponto de vista nutricional como por conter fatores de proteção contra as doenças. E esses benefícios se projetam para toda a vida; 2. embora o índice de amamentação tenha melhorado, é ainda insuficiente. Isso justifica as campanhas mundiais de conscientização. Podem ocorrer dificuldades na instalação do aleitamento materno e nesse período (as duas primeiras semanas de vida são as mais vulneráveis) a mãe precisa de orientação e de apoio de profissionais de saúde competentes."
Jayme Murahovschi, pediatra, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria, Sônia Venâncio, pediatra, pesquisadora do Instituto de Saúde de São Paulo e Keiko M. Teruya, pediatra, diretora do Centro de Lactação de Santos (São Paulo, SP)

Língua
"No Brasil, tornou-se comum legislar sem por quê. Há leis que simplesmente não pegam. Pois o Congresso gasta o seu tempo precioso e o nosso dinheiro discutindo a lei proposta pelo deputado Aldo Rebelo para o uso das palavras na sua versão aportuguesada. Se passar, a lei está fadada a não pegar. Ou será crime inafiançável o seu não-cumprimento? Para os que apóiam a idéia, peço por favor que me digam como se escreve "píteça de muçarela" em inglês?"
Valter Takuo Yoshida Junior -ou Válter Tacuo Iochida Júnior (São Paulo, SP)

Dinheiro público
"Indignação. Esse é o meu sentimento ao ver que um erro e sua correção estão sendo tratados como se fossem atos de má-fé e de malversação do dinheiro público durante o período em que dirigi a Coordenadoria de Comunicação Social do Estado do Rio. Em 1999, uma soma de equívocos fez com que a agência Internad Publicidade cobrasse R$ 118.750 do Estado, de forma indevida, a título da veiculação de propaganda em um jornal carioca. Em 31/1/ 2002, ao fim de auditagem interna em que o erro foi detectado, solicitei à empresa a devolução do dinheiro, com correção monetária. Em 31/3, o fato constatado pela auditagem interna foi comunicado por mim ao TCE. Em 3/4/2002, a Internad depositou o dinheiro (R$ 129.336,62, devido à atualização monetária) em favor do Estado. Em 30/4, o TCE notificou a coordenadoria para que providenciasse a correção do problema, que, entretanto, já estava solucionado, visto que a Internad já devolvera o dinheiro. Não houve dolo das partes nem ônus para o erário. É lamentável ver o caso ser usado para atacar quem agiu corretamente e defendeu o interesse público ao buscar prontamente a correção de um equívoco. Tentar transformar um episódio encerrado em um caso de corrupção é fazer pouco da inteligência e da boa-fé do público."
Carlos Henrique Vasconcelos, ex-secretário de Comunicação Social do Estado do Rio de Janeiro e assessor-chefe de Comunicação Social da Secretaria de Segurança Pública (Rio de Janeiro, RJ)

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