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Canteiro de obras
Governo não consegue acelerar obras do PAC e, pior, inibe participação de capitais privados em ações de infra-estrutura
INFELIZMENTE , a transformação do país em um "canteiro
de obras públicas e privadas", como deseja a ministra
da Casa Civil, Dilma Rousseff,
permanece distante.
O segundo balanço do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) revelou um ritmo
bastante lento na execução das
obras. O empenho de recursos do
Orçamento da União -reserva
para o gasto- atingiu 45% do total previsto para o ano. Mas o valor efetivamente gasto foi de apenas 9,3% até agosto. Foram desembolsados R$ 3,4 bilhões de
de R$ 14,7 bilhões previstos.
Os principais problemas persistem concentrados em áreas ligadas à infra-estrutura, especialmente energia e transportes, que
são estratégicas para assegurar a
atração de investimentos privados e sustentar o crescimento do
país pelos próximos anos.
No setor de rodovias, hidrovias
e portos, as obras que receberam
o selo vermelho -que significa
sérios atrasos- saltaram de 60
para 144 entre abril e agosto. Na
infra-estrutura energética, que
inclui construção de hidrelétricas, gasodutos e linhas de transmissão, os projetos e estudos de
investimentos com problemas
saltaram de 17 para 37.
Durante anos, os investimentos públicos federais vieram sendo sacrificados nos ajustes fiscais. Nem o governo FHC nem a
gestão Lula tomaram a iniciativa
de extrair das chamadas despesas correntes (gastos de manutenção do Estado) a poupança
necessária para evitar o descontrole das contas públicas. Fizeram-no sempre à custa do contribuinte, pela escalada tributária, e das despesas de capital.
Mesmo a modesta margem para ações de infra-estrutura com
recursos do Orçamento -aberta
após três anos de crescimento
econômico mais acelerado e ainda assim debitada do superávit
primário- esbarra na burocracia. Há quase cinco anos no poder, não há iniciativa sistemática
do governo petista para acelerar
os trâmites do investimento público, a fim de que ele possa responder com tempestividade às
necessidades da economia.
Mais grave, somada essa lentidão com as limitações financeiras do erário, é o governo não ter
aberto mais oportunidades para
o investimento privado em infra-estrutura. O leilão de sete lotes
de rodovias federais de grande
fluxo, entre elas a Fernão Dias e a
Régis Bittencourt, já demora
quase dez anos para sair do papel. Se não houver nenhum novo
contratempo, o país conhecerá
os consórcios vencedores das
concessões em 15 dias.
É um atentado à lógica econômica que, por conta desse tipo de
negligência, a rodovia interligando São Paulo e Belo Horizonte
(dois dos principais centros de
negócios do país) tenha levado 12
anos para ser duplicada e esteja
hoje entregue à deterioração.
Mas conceder tais rodovias à iniciativa privada é muito pouco
diante do que poderia ser feito.
Todo o setor de logística no
Brasil -estradas, portos, aeroportos e entrepostos- ainda está
à espera de uma abertura ao capital privado destinada a romper
com o empreguismo, a ineficiência e a carência crônica de investimentos que restringem o crescimento da economia brasileira.
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