São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Consenso antitabagista

A PARCELA de fumantes na população brasileira diminui e vai convergindo para padrões de nações desenvolvidas. Os números da pesquisa Datafolha publicada ontem, associados a dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), confirmam essa percepção.
De acordo com o instituto, 23 brasileiros adultos em cada 100 são tabagistas -um contingente de 27,5 milhões de pessoas. Em 2002, o percentual de fumantes era de 26%. Embora a variação esteja dentro da margem de erro da pesquisa, um estudo da OMS publicado em julho dá conta de que o percentual de fumantes no final da década de 1980 era de 34,8%. Não há dúvida, portanto, sobre a tendência de queda.
Diminuiu a tolerância da sociedade ao cigarro, no Brasil e no mundo. Políticas drásticas de restrição de propaganda e de locais onde é permitido fumar têm aceitação crescente. Em alguns casos extremos, a cruzada antitabagista chega a ser opressiva.
Exageros à parte, tanto a aceitação cadente do cigarro pela sociedade como o desconforto dos fumantes em defender o direito ao tabaco são frutos de um mesmo fenômeno. Chegou-se a um sólido consenso, baseado em farta documentação científica, de que o cigarro piora substancialmente a qualidade de vida.
Sintoma desse consenso é o altíssimo índice (83%) dos fumantes que declararam aos pesquisadores do Datafolha que desejam deixar o cigarro. A experiência médica assegura que a vontade de abandonar o tabaco é fator necessário para uma pessoa emancipar-se do vício. Mas também é preciso ter acesso a remédios e a terapias antitabagistas.
É lamentável que o SUS -que ainda nem sequer conseguiu regularizar a oferta de drogas que ajudam as pessoas a livrar-se do cigarro- esteja desperdiçando tamanha oportunidade.


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