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Consenso antitabagista
A
PARCELA de fumantes na
população brasileira diminui e vai convergindo para
padrões de nações desenvolvidas. Os números da pesquisa Datafolha publicada ontem, associados a dados da Organização
Mundial da Saúde (OMS), confirmam essa percepção.
De acordo com o instituto, 23
brasileiros adultos em cada 100
são tabagistas -um contingente
de 27,5 milhões de pessoas. Em
2002, o percentual de fumantes
era de 26%. Embora a variação
esteja dentro da margem de erro
da pesquisa, um estudo da OMS
publicado em julho dá conta de
que o percentual de fumantes no
final da década de 1980 era de
34,8%. Não há dúvida, portanto,
sobre a tendência de queda.
Diminuiu a tolerância da sociedade ao cigarro, no Brasil e no
mundo. Políticas drásticas de
restrição de propaganda e de locais onde é permitido fumar têm
aceitação crescente. Em alguns
casos extremos, a cruzada antitabagista chega a ser opressiva.
Exageros à parte, tanto a aceitação cadente do cigarro pela sociedade como o desconforto dos
fumantes em defender o direito
ao tabaco são frutos de um mesmo fenômeno. Chegou-se a um
sólido consenso, baseado em farta documentação científica, de
que o cigarro piora substancialmente a qualidade de vida.
Sintoma desse consenso é o altíssimo índice (83%) dos fumantes que declararam aos pesquisadores do Datafolha que desejam
deixar o cigarro. A experiência
médica assegura que a vontade
de abandonar o tabaco é fator necessário para uma pessoa emancipar-se do vício. Mas também é
preciso ter acesso a remédios e a
terapias antitabagistas.
É lamentável que o SUS -que
ainda nem sequer conseguiu regularizar a oferta de drogas que
ajudam as pessoas a livrar-se do
cigarro- esteja desperdiçando
tamanha oportunidade.
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