São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Lula, a idéia certa, tarde demais

SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou no diagnóstico, mas errou no "timing", em seu discurso de ontem na ONU.
Lula disse que "chegou a hora da política". Sempre foi hora da política, mas os políticos, inclusive Lula, demitiram-se da tarefa de pensar e executar políticas públicas que contrariassem os mercados, ainda que minimamente.
Logo, a proposta chega tarde. Sugerir que a ONU se incumba de "uma resposta vigorosa" à crise é, de novo, uma tese generosa e eventualmente correta. Mas inviável.
Basta lembrar que, no ano passado, na cúpula do G8, a Alemanha queria discutir alguma resposta (modesta) à desregulamentação dos mercados financeiros, mas os Estados Unidos vetaram.
Lula, que participou do último dia daquela cúpula, não foi nem ouvido nem cheirado.
Supor que, agora, os Estados Unidos (e os demais grandes) se dignem a sentar pacientemente com os 191 outros países-membros da ONU para ouvi-los e chegar a uma resposta "vigorosa" é acreditar em Papai Noel.
Além disso, se algum governante -de país rico, de país pobre ou de país emergente- tivesse alguma proposta "vigorosa" a apresentar, já o teria feito ou, ao menos, teria a obrigação de tê-la feito nos incontáveis foros internacionais que se sucedem uns aos outros e produzem toneladas de palavras e nenhuma ação, nenhuma.
Por falar nisso, qual é a proposta de Lula?
Vamos ser francos: ninguém sabe direito o que está acontecendo e, por extensão, não pode saber que proposta apresentar para pôr ordem na bagunça. Não foram só as grandes financeiras que foram para o brejo. Junto com elas foram o FMI, o Banco Mundial, o G8 e cia.
limitada. Você tem lido alguma idéia, uma que seja, vinda dessas instituições antes onipresentes nas crises?

crossi@uol.com.br



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