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MARCELO BERABA
O papa e o jornalista
RIO DE JANEIRO - O papa Wojtyla é um forte. Abatido por um atentado e
subjugado pelo mal de Parkinson, ele
segue em frente como se fosse o jovem
alpinista que desafiava as montanhas próximas de sua Cracóvia. É
um fenômeno de resistência.
Depois que dois cardeais fizeram,
há dias, declarações desastrosas que
pareciam antecipar seu óbito, o papa
teve forças para fazer mais uma viagem -Pompéia-, manteve a rotina
de audiências, comemorou em grande estilo seus 25 anos de pontificado,
fez uma festança para santificar madre Teresa e cuidou da própria sucessão ao nomear mais 31 cardeais.
Como todos os papas, ele já deixou
tudo pronto para a sua morte. As regras do próximo conclave estão definidas e o colégio de cardeais eleitores
está completíssimo. O que não significa que ele esteja entregando os pontos. Ao contrário, parece esses grandes atletas que perseguem recordes.
Mais cinco meses e pode alcançar a
marca de Leão 13 (1878-1903).
Ao comentar as declarações inconvenientes dos dois cardeais e as reportagens sobre o agravamento da
doença do papa, o arcebispo polonês
Stanislaw Dziwisz, secretário particular de João Paulo 2º, pediu menos
drama. "Alguns jornalistas que falaram e escreveram muito sobre a saúde do papa já estão no céu", disse.
O que me fez temer pelo futuro de
um coleguinha americano que nem
conheço, John L. Allen Jr. Especialista
em Vaticano, ele acaba de lançar no
Brasil um livro excelente, "Conclave", que trata da sucessão do papa.
Para demonstrar o interesse mundial no espetáculo que se desenrolará
na Santa Sé com a morte de Wojtyla,
Allen Jr. informa, no prefácio, que as
grandes redes de TV já se posicionaram para acompanhar as cerimônias
fúnebres e a fumacinha branca. Desavisado, o jornalista escreve: "Eu
também estarei no ar, apresentando
quaisquer notícias e informações que
conseguir no canal Fox News como
seu analista especializado."
Deus o proteja!
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