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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Vexame atrás de vexame

BRASÍLIA - A ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, foi passear em Buenos Aires para participar de um encontro evangélico. Com dinheiro público. Depois de dias e dias sob bombardeio, dentro e fora do governo, pagou o que devia.
O ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, foi curtir os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (dizem que é um lugar lindo) e espertamente somou as diárias do governo com as do Comitê Olímpico Brasileiro. Criticado, pagou o que devia ao governo e disse que vai ressarcir o comitê.
O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, contratou não só a atual como a ex-mulher. A argumentação da ex, a socióloga Bárbara Soares, responsável pela parte de segurança da mulher no programa do PT, é bastante consistente. Mas ninguém soube explicar direito o porquê da contratação da atual mulher. Constrangido, Soares deixou o cargo e voltou para o Rio.
Apesar de consideradas questões "menores" ou quantias "pequenas", são coisas assim que acabam arruinando imagens de homens, de partidos e de instituições públicas. Ainda mais em se tratando do PT, o arauto da moralidade durante tantos anos e há tão pouco experimentando o gostinho do poder federal.
Por coincidência ou não, sabe-se do efeito deletério desses gestos políticos, mas não se sabe nada do que os envolvidos andam fazendo. O que faz Benedita? Qual a função de Agnelo? Onde foi parar a prioridade à segurança pública na gestão Soares?
Não é preciso que nenhum grande sociólogo, analista político ou marqueteiro passe noites em claro para entender a queda progressiva de popularidade do governo.
O melhor que Lula poderia fazer era uma boa reforma -ou faxina- no ministério, impregnado de sentimento de camaradagem, carente de competência e agora envolvido nesse tipo de coisa. Por falar nisso, e o ministro dos Transportes, Anderson Adauto? Com tanta onda nos ministérios do PT e agora do PC do B (Esportes), ninguém nem fala nele.


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