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CESAR MAIA
Voto da
direita
OUTRO DIA , o presidente Lula disse que essa será a primeira eleição em que a direita não terá candidato.
A menos que o voto seja restrito,
no melhor estilo do século 19, ela
votará e escolherá um dos candidatos. Mas quem são esses eleitores
de direita? E o que representam?
Há anos que pesquisas vêm estudando esse voto "ideológico". São
duas forma básicas de avaliação.
Uma, clássica, quando se oferece
ao eleitor uma régua de 1 a 10 e se
indica direita, centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda e
se pede que o eleitor se posicione.
Pode-se fazer o mesmo com letras
sequenciais do alfabeto ou com outros números sequenciais, para
não parecer nota. De qualquer forma, na pesquisa seguinte, inverte-se a ordem -esquerda-direita- e
se a compara com a anterior.
Sempre os que marcam direita
são em porcentagem maior que os
da esquerda. E, se somarmos direita+centro-direita e esquerda+centro-esquerda, a vantagem à direita
permanece, um pouco menor.
Quando se cruza com as avaliações de governo ou até intenções
de voto, se vê que o eleitor que se
diz de esquerda está mais próximo
de seu candidato que o de direita,
que vota de forma mais pragmática, espalhando mais o voto. O eleitor que se diz de direita, com uma
margem de flutuação maior, pode
ser enquadrado entre os potencialmente indecisos, devendo ser um
alvo prioritário dos candidatos.
Mas a surpresa vem quando se
listam temas sempre atribuídos ao
pensamento de direita ou de esquerda e se pede ao eleitor que faça
sua opção numa tabela de opostos,
que vai desde os costumes até o eixo Estado-mercado, procurando
facilitar a compreensão do eleitor.
A tabela apresenta uma lista de
alternativas. Depois elas são incluídas num gráfico de quatro campos,
onde os que defendem o mercado
são classificados como de direita, e
os que defendem o Estado, de esquerda. E da mesma forma em relação a valores: família, religião,
costumes, propriedade, lei... A opção conservadora é listada como de
direita; a "liberal", de esquerda.
Meses antes da última eleição
francesa, a Ipsos fez uma ampla
pesquisa assim, de forma a definir
ideologicamente o eleitor francês
sem que ele se autoclassificasse. O
resultado não correspondeu a nenhum dos partidos.
O eleitor francês era majoritariamente conservador em relação aos
valores e estatizante na economia.
Ou seja, era de direita em relação
aos valores e de esquerda em relação à economia. Esse era o "partido" majoritário na França.
O GPP repetiu a mesma pesquisa
no Brasil. Aqui também, e até em
maior proporção, o eleitor é de direita em relação aos valores e de esquerda em relação à economia. Em
2010, quem quiser que recuse o voto da direita.
cesar.maia@uol.com.br
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
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