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ELIANE CANTANHÊDE
Lula
BRASÍLIA - Lula continua batendo
recordes de popularidade, sua candidata é franca favorita no próximo
domingo, PT e PMDB têm a perspectiva de controlar o país por 20
anos. Mas, paradoxalmente, Lula
sai da eleição menor do que entrou.
Surpreendem o ego, a falta de limites, o personalismo. Quanto
mais esperava-se o estadista, mais
cedeu ao populismo oportunista.
Quanto mais o momento exigia
grandeza, mais apequenou-se.
Bastou a eleição de Dilma ser dada como certa no primeiro turno, e
lá foi Lula, vermelho, com ar de
ódio, xingar a imprensa e conclamar o extermínio de adversários.
Bastaram as pesquisas prevendo a
vitória no segundo turno, e lá foi
Lula, vermelho, com ar de ódio,
acusar Serra de encenar "uma farsa", uma "mentira descarada". Duplo erro: tentou transformar a vítima em réu e estimulou a militância
petista a cair de pau.
Lula deveria ler as pesquisas e
aprender com elas que Dilma e o lulismo vencem graças à votação maciça nas regiões e áreas mais manipuláveis, onde a Arena, o PDS e o
PMDB já foram reis. Enquanto isso,
crescem entre os mais escolarizados a desilusão e a condenação ao
estilo raivoso, à cultura da vitimização, às práticas de dossiês e falsificações da verdade, à ocupação do governo e das estatais como se fossem donos do país. É esse tipo de
reinado que Lula almeja?
Com o governo bem-sucedido e
80% de apoio, cabia a Lula investir
em princípios, na melhor prática
eleitoral e na educação política dos
brasileiros, não sucumbir à esperteza com Collors e Sarneys; confraternizar com as ditaduras de Cuba e
Irã; cooptar as centrais sindicais e
os movimentos sociais; jogar o governo, as estatais e a figura do presidente sem pudor na campanha.
Na reta final do primeiro e do segundo turno, Lula, com seus excessos, mais prejudicou do que ajudou
Dilma. Quanto mais atua assim pela sua candidata, mais trabalha
contra a própria imagem. Governos
e eleições passam, a história fica.
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