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O MAL DA CARNE
A doença da vaca louca, a encefalopatia espongiforme bovina
(BSE), é uma moléstia neurológica
fatal que atinge o gado. Pessoas que
consumam carne bovina podem, em
princípio, desenvolver uma variante
da doença de Creutzfeldt-Jakob
(nvCJD), igualmente fatal.
Em termos epidemiológicos, a patologia é irrelevante. Até hoje se registraram apenas 80 casos no Reino
Unido e 3 na França. O fato, contudo, de uma doença particularmente
cruel poder estar escondida numa
suculenta bisteca já é suficiente para
disseminar o pânico.
Para agravar ainda mais o quadro, a
BSE e a nvCJD são aparentemente
provocadas por príons, proteínas auto-replicáveis sem ácido nucléico, o
que as torna, pelos critérios mais
usuais, menos do que seres vivos. Os
mecanismos de transmissão da
doença são ainda uma incógnita para os cientistas. Os príons normalmente se alojam em tecido nervoso.
O filé "mignon" é em princípio mais
seguro do que as bistecas ou carnes
moídas. As maiores taxas de contaminação no gado são atribuídas às
farinhas com que o rebanho é alimentado. Nela são utilizadas carcaças de animais inteiros.
O príon pode permanecer latente
no organismo humano por mais de
30 anos; depois que os primeiros sintomas se manifestam, a morte sobrevém em cerca de um ano. Não há evidências de transmissão inter-humanos por sangue, mas, entre ratos em
laboratório, ela pode ocorrer.
Os motivos para preocupação, portanto, são reais. Medidas para reduzir os riscos são relativamente simples, mas caras. Envolvem, além de
barreiras sanitárias, o sacrifício de
parte do rebanho e mudanças na cevagem. A questão é saber se a protecionista Europa conseguirá de fato
implementá-las.
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