São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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Um retrato da USP


O novo balanço de informações reflete um saldo mais do que positivo de desempenho acadêmico


JACQUES MARCOVITCH

A USP lançou mês passado outro volume do seu "Anuário Estatístico". É um retrato em números, de corpo inteiro, da instituição. A evolução do trabalho desenvolvido por todas as suas unidades, museus, hospitais, centros e institutos especializados está documentada em cerca de 30 gráficos e mais de 200 tabelas. Desse modo, todos os contribuintes que financiam a instituição têm acesso a essa completa e abrangente prestação de contas, também disponível na Internet. Sustentam-se os indicadores apresentados no trabalho silencioso de milhares de pesquisadores.
Dois grandes feitos da ciência brasileira ocuparam recentemente a mídia no país e no exterior. Um deles foi o Projeto Genoma da Xylella fastidiosa, estruturado e financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Nele atuaram 196 cientistas, dos quais 172 trabalham em instituições públicas e apenas 24 em instituições particulares. O sistema universitário estadual de São Paulo participou com 144 pesquisadores, sendo 76 da USP, 35 da Unesp e 33 da Unicamp. As universidades mantidas pelo contribuinte paulista responderam, juntas, por 74% dos envolvidos com esse projeto.
Deve igualmente ser mencionado o envolvimento da USP com os novos programas de financiamento anunciados pela Fapesp. Conhecendo os rígidos padrões decisórios daquela agência de fomento, podemos afirmar, sem ufanismos, que essa participação foi mais uma prova da excelência uspiana. Dos dez centros de pesquisa, inovação e difusão selecionados, a Universidade de São Paulo responde por cinco.
Também são da USP os cientistas responsáveis pelos programas da Xylella da uva e da cana-de-açúcar, que agora sucedem o vitorioso sequenciamento da bactéria da laranja.
Durante este ano, um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo, liderado pelo professor Célio Lopes Silva, anunciou uma vacina contra a tuberculose, que revoluciona as perspectivas da investigação nessa área em todo o mundo, abrindo a possibilidade de que a vacina gênica contra a Aids (já em fase de testes em seres humanos) seja usada como terapia.
Na área de ciências humanas, cabe lembrar estudos sobre violência urbana, práticas de cooperativismo entre cidadãos desempregados, pesquisas sobre ensino superior ou relações internacionais e uma densa produção editorial que incluiu, recentemente, o "Dossiê Brasil", do Instituto de Estudos Avançados.
Os registros aqui feitos permeiam cerca de 20 mil trabalhos alimentados pelas atividades de pesquisa e pós-graduação, publicados em 1999, no Brasil e no exterior, quantificados no anuário sob a denominação genérica de Produção Científica por Unidade e Local de Publicação. É lícito supor que um esforço investigativo para identificar o futuro da ciência brasileira deva nortear-se, entre outras referências, pelos dados consolidados neste amplo demonstrativo.
Para dar ainda maior nitidez ao retrato da USP nesta véspera do novo milênio, registremos que nos últimos três anos foram criados sete novos cursos: engenharia de alimentos, física médica, ciência dos alimentos, informática, audiovisual, relações públicas, matemática aplicada e computação científica. Abriram-se 415 vagas em cursos noturnos de graduação e 1.265 foram ofertadas para transferências externas.
O anuário é uma atualização contínua do documento "Presença da Universidade Pública", também da USP, que respondeu às críticas equivocadas ao modelo público de ensino e pesquisa. O novo balanço de informações reflete um saldo mais do que positivo de desempenho acadêmico. Em sua expressão objetiva e sem retórica, os números apontam para um futuro promissor.


Jacques Marcovitch, 53, é reitor da Universidade de São Paulo e autor de "A Universidade (Im) possível" (Editora Futura/Siciliano).
E-mail: jmarcovi@usp.br


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