Dados de pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo revelam que as vendas na primeira quinzena deste mês mostraram-se 3% abaixo das verificadas no mesmo período do ano passado, cujo resultado foi considerado fraco pelo setor. À espera de melhores sinais, muitos comerciantes ainda adiam suas encomendas para o Natal. Cerca de 40% deles permaneciam até o meio do mês por fechar os pedidos para o fim de ano.
A cautela também se reflete nas contratações temporárias que costumam ocorrer neste período. Apenas 31% dos entrevistados na pesquisa disseram já estar contratando funcionários. Dos comerciantes que concluíram as encomendas, 53,6% prevêem um Natal semelhante ao do ano passado, contra um grupo minoritário de 33% que fará pedidos maiores do que os de 2002.
O quadro, portanto, não é dos mais animadores. Em que pesem as sucessivas reduções na taxa básica de juros, os efeitos da crise econômica vivida pelo país continuam em cena. Um dos mais preocupantes é a forte queda no rendimento dos trabalhadores. Se é verdade que a inflação mantida em níveis baixos num quadro de reaquecimento econômico tende a auxiliar a retomada do poder de compra, a realidade mostra que esse processo ainda não começou.
Sinais de recuperação efetivamente existem, mas são tímidos. A economia vai se recobrando do baque sofrido com a excessiva elevação dos juros de forma consideravelmente lenta -o que talvez ajude a explicar a "ousadia" do Banco Central em reduzir a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, quando a maioria dos analistas do mercado esperava uma queda de apenas um ponto.
É certo que o aperto promovido pelo governo obteve os resultados esperados no controle da inflação, mas a passagem do quadro restritivo, de desemprego e prudência, para um cenário de maior dinamismo vai demandando mais tempo do que o desejável. Salvo um inesperado presente de Natal, as vendas de final de ano dificilmente apresentarão surpresas.


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