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São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Violência e maioridade
"Deveria ser obrigatória para todos os brasileiros a leitura do artigo "Os loucos, os delinquentes e a arrogância da razão" (Ilustrada, 20/11), de Contardo Calligaris. Aliás, da "arrogância da razão" nos deu um exemplo lapidar o ministro da Justiça quando questionado sobre a redução da idade penalmente imputável." João Spalloni de Oliveira (Praia Grande, SP)


"Enquanto a religião prega o perdão e o amor ao próximo, vemos religiosos defenderem a pena de morte. O rabino Henry Sobel, no seu lugar de devoto a Deus, deveria saber que justiça sem amor não é justiça, é vingança, e que a vida de um jovem, por pior delinquente que seja, é a vida de um irmão, que mais precisa de ajuda e de orientação espiritual do que do ódio público no desejo de sua morte."
Gabriel Pupo Nogueira (Campinas, SP)


"Li as declarações do rabino Henry Sobel na Folha ("Sobel defende pena de morte", Brasil, 23/11) e, se já o admirava havia anos por sua grande liderança e cultura, agora admiro-o e respeito-o muito mais pela coragem de assumir uma posição sem medo de retaliações. Também sou a favor da pena de morte para certas pessoas irrecuperáveis, que fatalmente farão outras vítimas quando forem libertadas. O câncer deve ser extirpado e jogado no lixo."
Paulo Armando da Silva Villela (São Paulo, SP)

"Sugiro recomendar aos nossos ilustres legisladores e aos técnicos do Ministério da Justiça que se debruçam sobre o tema da alteração da maioridade penal a leitura do artigo "Um apelo à razão" ("Tendências/Debates", 23/11), de Cláudio Guimarães dos Santos."
Aluísio Dobes (Florianópolis, SC)


"É pavoroso e ridículo o artigo de Cláudio Guimarães dos Santos. Pavoroso porque procura reinventar uma forma de poder formada no século 19, na Europa: a sacralização dos "saberes disciplinares" e sua legitimação como orientadores da humanidade. Ridículo na versão empobrecida da ideologização da ciência. Como não correr para a estante e abrir, morbidamente deliciado, "O alienista" e dizer: "Que pena, Machado, você ainda tem razão!'? Nenhuma ciência cognitiva vai orientar nossa sociedade em questões que envolvem valores e visões de mundo, fenômenos que nem de longe podem ser reduzidos a sinapses."
Joaquim Toledo Júnior (São Paulo, SP)

Desrespeito
"O vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, criticou, na reportagem "Vice de SP vê "drible" na Constituição" (Cotidiano, 23/11), a proposta do governador Geraldo Alckmin de alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente para que se dê mais rigor às punições em relação a crimes cometidos por menores de idade. Bicudo usa expressões desrespeitosas, como "espertinho", "driblar" e "passa-moleque", ao comentar a atitude do governador, que agiu de forma séria, corajosa e transparente, levando pessoalmente a proposta ao Congresso Nacional, a quem cabe discutir e deliberar sobre a questão.
O ECA é flagrantemente desrespeitado pela prefeita Marta Suplicy, que se recusa a assumir os 4.000 adolescentes em regime de liberdade assistida em nossa cidade. A prefeita também vai na contramão da administração responsável ao reduzir, de maneira obscura e na calada da noite, a verba da educação, mostrando insensibilidade para com uma área de importância fundamental na prevenção à delinquência e na inserção dos jovens na sociedade.
Que expressões usaria o vice-prefeito se este demonstrasse a mínima preocupação em relação a essas aberrações cometidas pelo governo do qual é integrante?"
Edson Aparecido, deputado estadual, presidente do Diretório Municipal de São Paulo do PSDB (São Paulo, SP)

Terrorismo
"A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), em nome da comunidade judaica brasileira, lamentam profundamente os atentados terroristas ocorridos na Turquia na semana passada. Mais uma vez, em atos de verdadeira barbárie, a insanidade do terror ceifou a vida de seres humanos inocentes de várias religiões e nacionalidades."
Jack Terpins, presidente da Confederação Israelita do Brasil e Jayme Blay, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Consciência
"Em relação à comemoração do Dia da Consciência Negra, gostaria de dizer que considero importante e necessário que esse dia seja lembrado, comemorado e que seja feita uma séria reflexão a respeito da situação dos negros em nosso país.
Porém, mais importante que o Dia da Consciência Negra seria um "Dia da Consciência Humana".
Devemos, todos, conscientizar-nos de que fazemos parte de uma única "raça", a "raça" humana!"
Otavino Candido de Paula Neto (Cotia, SP)

OAB
"Excelente o artigo de Josias de Souza sobre o debate acerca da submissão da OAB ao Tribunal de Contas da União ("Controle externo na OAB dos outros é refresco", Brasil, 23/11).
A OAB se comporta, muitas vezes, como se fosse a corregedora-geral da nação -em relação aos outros, inclusive os três Poderes- ou uma associação particular -quando é objeto de crítica. Consegue isso por possuir grandes defensores no Congresso e quiçá no TCU. Entretanto o Brasil precisa de um controle da Justiça que envolva também a OAB e o Ministério Público, e não só o Judiciário.
As punições contra os advogados são, proporcionalmente, até mais raras do que as feitas contra os Poderes que costumam denunciar. É preciso modificar o estatuto da OAB e obrigar a instituição (que recebe milhões de reais em contribuições compulsórias dos que querem exercer a advocacia) a prestar contas, como aliás faz até uma entidade filantrópica que tenha recebido meia dúzia de cestas básicas.
A democracia é um regime de freios e de contrapesos. Quem não quer ser controlado não poder querer controlar."
José Ernesto Manzi (São Paulo, SP)

Oriente Médio
""Nosso direito de nos defender não nos confere o direito de oprimir outros. Ocupação significa domínio estrangeiro. Domínio estrangeiro provoca resistência. Resistência provoca opressão. Opressão provoca terror e contra-terror. Vítimas do terror são sempre pessoas inocentes. A manutenção dos territórios ocupados nos transformará em uma nação de assassinos e de assassinados. Saiamos imediatamente dos territórios ocupados". O manifesto acima, publicado no jornal israelense "Haaretz" em 22/9/67, meses após a Guerra dos Seis Dias, foi assinado por 12 visionários judeus-israelenses da agremiação política Matapen. Fico imaginando quanta dor, quanto sofrimento, quanta destruição, quantas mortes de egípcios, de jordanianos, de libaneses, de palestinos, de sírios e de israelenses teriam sido evitadas se Israel tivesse tido um pouco mais de sensibilidade humana e de bom senso desde aquela época."
Mauro Fadul Kurban, diretor-secretário da Fearab-SP -Federação de Entidades Árabe-Brasileiras do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)


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