UOL




São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

Por uma nova OAB-SP

LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO

Recentemente minha filha mais velha, dentre os quatro filhos com que o criador me brindou, preparava-se para o vestibular e comunicou-me que gostaria de cursar a faculdade de direito. Após meus ininterruptos 20 anos de exercício profissional, ouvir isso foi uma alegria, pois via repetir-se o que ocorreu comigo, quando decidi pela profissão de meu pai, um apaixonado pela advocacia.
Respondi à Adriana que ela estava decidindo pela profissão mais linda, mágica e completa que uma criatura pode escolher. Mas para onde foi o orgulho de ser advogado? Pensando nisso, resolvi aceitar os insistentes convites dos colegas para liderar uma chapa que transformará nossa OAB-SP e candidatei-me à presidência de nossa entidade.
Passamos a construir um projeto político-administrativo para a OAB-SP, o qual rompe com o modelo tradicional de fazer política na entidade, e apresentamos uma forma absolutamente nova de administrar a Ordem, modernizando-a e informatizando-a totalmente, para que esta possa prontamente atender aos colegas. O mote de nossa campanha é a valorização profissional, a qual se dará pela ampliação do mercado de trabalho e pela defesa intransigente de nossas prerrogativas profissionais.
Para ampliar nosso mercado de trabalho, temos frentes, sendo a primeira o combate à proliferação das faculdades de direito em São Paulo, bem como a fiscalização das faculdades existentes.
Outra frente se dá pelo combate a leis como a 9.099/95, que criou os juizados especiais estaduais, depois ampliado para os federais, pois no cível até certa faixa simplesmente se dispensa a presença de advogado e, na área criminal, somos expectadores da transação que o promotor faz com nosso cliente, esvaziando nosso papel, pois não advogamos mais.


Que um dia eu possa orquestrar a realização desse sonho: um novo tempo para a advocacia
Inegavelmente, as consequências em nosso mercado de trabalho são duramente sentidas. Precisamos tornar obrigatória a presença do advogado em todos os processos.
Se de um lado o mercado de trabalho precisa ser restabelecido, também o precisam as condições para o exercício profissional, quer pela defesa intransigente de nossas prerrogativas (promovendo rápido desagravo quando ofendidas), quer pela valoração mais realista de nossa tabela de honorários, que está desatualizada.
Se os colegas que têm experiência e anos de profissão encontram dificuldades para exercer a advocacia, o que já é injusto e precisa ser repensado, o que dizer do colega que inicia na profissão, o advogado, a advogada jovens -ou não tão jovens, mas recém-formados- que deparam com uma barreira quase intransponível e desalentadora. Precisamos lutar pelos jovens advogados e advogadas.
Disse ainda à Adriana que precisamos de uma nova OAB-SP, que volte seu eixo para o advogado, a advogada e para o estagiário, assistindo-os, amparando-os, defendendo-os. Precisamos também diminuir o valor da anuidade, e tal é possível com a criação de outras fontes de receita para nossa Ordem.
Hoje muito se fala na Previdência Social. É chegada a hora de os advogados, advogadas e estagiários terem sua previdência complementar, e a OAB-SP tem a obrigação de providenciar isso. A carteira da OAB-SP precisará ser renovada. Assim, a entrega deverá ser gratuita na renovação, pois o colega já pagou quando do recadastramento e não é justo que pague novamente. Tal deve ser um compromisso.
Quanto ao interior, creio que a OAB-SP precisa mudar sua política. É obrigatório, nestes tempos, a descentralização política e financeira, proporcional, de maneira a possibilitar que as subsecções possam gerir recursos e aplicá-los diretamente em prol dos colegas ali instalados. A Caasp realiza um importante serviço ao colega e precisamos ampliá-lo totalmente, pois a saúde do advogado, da advogada e do estagiário estão em primeiro lugar.
Nessa conversa com minha filha, fiz alusão ao convênio de assistência judiciária, que hoje contempla mais de 37 mil colegas, salientando que precisamos repensá-lo, pois a tabela de honorários celebrada nesse convênio por vezes é inferior à tabela de honorários da própria OAB-SP. É aviltante.
Para finalizar, disse à minha filha que ela, sendo mulher, terá um papel cada vez maior no futuro de nossa classe, pois hoje as advogadas representam -e muito bem- quase 50 % dela. Todavia, lastimavelmente, ainda sofrem odiosa discriminação.
A OAB-SP deverá sofrer uma grande transformação e implantar a distribuição das intimações dos "Diários Oficiais", via internet, gratuitamente, para todos os colegas de São Paulo.
Como última palavra, tenho insistido para que minha filha jamais se esqueça da dignidade da profissão e de seus valores éticos, pois isso, aliado à união da classe, será uma força importante para resgatar o respeito que a sociedade deve ter pela advocacia.
Encerro reiterando minha paixão pela OAB e meu amor à advocacia. Que um dia eu possa orquestrar a realização desse sonho: um novo tempo para a advocacia, numa nova OAB-SP! É por isso que sou candidato à presidência da OAB-SP. E é por isso também que estou confiante na última pesquisa realizada pelo Instituto Brasmarket, entre os dias 12 e 17 de novembro, com 1.978 advogados do Estado, segundo a qual nossa campanha está consolidada, com o apoio de 26,3% dos advogados -enquanto o segundo colocado tem 10,1% e o terceiro, 8,8% dos votos.

Luiz Flávio Borges D'Urso, 43, presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas e membro do o Conselho Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, é candidato à presidência da OAB-SP.


Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES
Alencar Burti: Colchões sociais

Próximo Texto: Painel do Leitor
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.