São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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RUY CASTRO

Menos lixo

RIO DE JANEIRO - Há tempos, o prefeito Cesar Maia baniu os saleiros e açucareiros das mesas dos restaurantes e botequins cariocas, substituindo-os por aqueles infernais saquinhos de papel. Desde então, nunca mais conseguimos temperar direito uma batata frita ou um cafezinho.
O prefeito, pleno de boas intenções, parece ter tomado tal providência em nome da higiene -pelo visto, com o permanente manuseio, os saleiros e açucareiros acumulariam uma profusão de germes, fungos e bactérias mortíferos para a população do Rio. Isso nunca foi provado, mas, em compensação, pela impossibilidade de regular o sal que se despeja do saquinho, as pessoas acabam comendo sal demais e tendo problemas de pressão.
Na ânsia de ser sanitariamente correto, o prefeito pode ter gerado uma quantidade diária de lixo, na forma de montanhas de saquinhos de papel, capaz de encher dois ou três Maracanãs. Produzir lixo em excesso não é sanitária ou ecologicamente correto, ainda mais quando não aprendemos sequer a recolhê-lo, quanto mais a reciclá-lo e a dar-lhe um destino mais digno.
Em Madri e Berlim, de onde acabo de voltar, os cafés e restaurantes continuam a usar saleiros e açucareiros -de vidro, prata ou mesmo plástico- e também a servir manteiga em bolinhas, em vez de naquelas embalagens individuais de plástico que se tornaram regra por aqui e que a natureza leva 500 anos para absorver.
Assim que tomar posse, o prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes -crítico tão impenitente da atual administração, durante a campanha-, faria bem em devolver à legalidade os saleiros e açucareiros, aproveitando para trazer de volta a manteiga em bolinhas, de preferência geladas. De saída geraria menos lixo, podendo dedicar-se a recolher e reciclar o que a cidade produzisse.


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