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RUY CASTRO
Menos lixo
RIO DE JANEIRO - Há tempos, o
prefeito Cesar Maia baniu os saleiros e açucareiros das mesas dos restaurantes e botequins cariocas,
substituindo-os por aqueles infernais saquinhos de papel. Desde então, nunca mais conseguimos temperar direito uma batata frita ou
um cafezinho.
O prefeito, pleno de boas intenções, parece ter tomado tal providência em nome da higiene -pelo
visto, com o permanente manuseio,
os saleiros e açucareiros acumulariam uma profusão de germes, fungos e bactérias mortíferos para a
população do Rio. Isso nunca foi
provado, mas, em compensação,
pela impossibilidade de regular o
sal que se despeja do saquinho, as
pessoas acabam comendo sal demais e tendo problemas de pressão.
Na ânsia de ser sanitariamente
correto, o prefeito pode ter gerado
uma quantidade diária de lixo, na
forma de montanhas de saquinhos
de papel, capaz de encher dois ou
três Maracanãs. Produzir lixo em
excesso não é sanitária ou ecologicamente correto, ainda mais quando não aprendemos sequer a recolhê-lo, quanto mais a reciclá-lo e a
dar-lhe um destino mais digno.
Em Madri e Berlim, de onde acabo de voltar, os cafés e restaurantes
continuam a usar saleiros e açucareiros -de vidro, prata ou mesmo
plástico- e também a servir manteiga em bolinhas, em vez de naquelas embalagens individuais de plástico que se tornaram regra por aqui
e que a natureza leva 500 anos para
absorver.
Assim que tomar posse, o prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes -crítico tão impenitente da atual administração, durante a campanha-,
faria bem em devolver à legalidade
os saleiros e açucareiros, aproveitando para trazer de volta a manteiga em bolinhas, de preferência geladas. De saída geraria menos lixo,
podendo dedicar-se a recolher e reciclar o que a cidade produzisse.
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