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ELIANE CANTANHÊDE
Desmanchando no ar
BRASÍLIA - A Transbrasil quebrou, a Vasp está quebrando e a Varig vai
mal das pernas, quer dizer, das asas.
O negócio da aviação civil está em
crise. E exige uma avaliação estratégica, além dos anúncios extra-oficiais
esparsos e conflitantes sobre o que o
governo brasileiro quer ou não fazer.
O rastro de destruição é grande. Até
hoje, anos depois, a estrutura da
Transbrasil em grandes aeroportos,
como os do Rio, está lá, interditada,
deteriorando. Como um fantasma, a
empresa se mantém à espreita de um
pacote do governo para as demais
(leia-se Varig). Quer uma bicada.
Agora, a Vasp. Em 2004, chegou a
6% do mercado, depois a 3% e está
praticamente no zero, depois de cancelar vôos em quatro Estados (RJ, SP,
BA e PE), alegando baixa ocupação.
Nesse ar de turbulências, discute-se
-às vezes não seriamente- o que
fazer com a estrela do setor, a Varig.
Durante anos, estudaram-se saídas.
O vice José Alencar assumiu o Ministério da Defesa e parou tudo.
De um lado, portanto, o governo
parece imobilizado, sem saber para
onde voar. De outro, a Varig se perde
entre os mais variados interesses, desde os da sua controladora, a Fundação Rubem Berta, principal responsável por seus infortúnios, até os dos
funcionários, de aeronautas a aposentados. Todos, aparentemente, à
espera de um encontro de contas: créditos que a empresa cobra do governo na Justiça contra dívidas que efetivamente tem junto ao governo.
Lembre-se que a Transbrasil abriu
a temporada dos processos na Justiça
reclamando os mesmos direitos que a
Varig agora quer. A Transbrasil ganhou e ainda assim faliu. O governo,
ou parte dele, acha que o mesmo vale
para a Varig.
Quanto mais o tempo passa, mais o
tempo fecha lá em cima. A TAM e a
Gol, que vinham sendo exortadas a
contribuir para salvar a Varig, cruzaram os braços e aguardam. Só que
aguardam o espólio: linhas, estrutura
em solo, a nata das equipes.
Que o consumidor não pague a
conta. Ou mais essa conta.
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