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CLÓVIS ROSSI
Não é ainda caso de suicídio
DAVOS - A crise do jornalismo, o
impresso pelo menos, entrou na
agenda do encontro anual 2007 do
Fórum Econômico Mundial. Pena
que tenha sido em sessão fechada,
com a participação de cerca de 80
jornalistas tidos como entre os
mais "respeitados e influentes" do
planeta.
Não posso, portanto, reproduzir
o inteiro teor da discussão, mas resgato uma avaliação e uma pesquisa
(do Gallup) que vão na contramão
da perspectiva de fim dos jornais
(ao menos do jornal em papel).
A frase é de Mathias Döpfer, executivo-chefe do grupo de mídia alemão Axel Springer, publicada no
ano passado pelo "Die Welt":
"Precisamos tomar cuidado para
não cometer suicídio por medo de
morrer".
Alarmem-se, portanto, os leitores: não me sinto estimulado a cortar os pulsos. Ainda há vida para o
jornalismo impresso, a única atividade remunerada que tive.
A pesquisa do Gallup é mais eloqüente. Feita com 55 mil pessoas de
60 países (o Brasil não está na lista),
mostra que a mídia tradicional ainda é, de muito longe, a fonte principal tanto de informação como de
análise.
Pego só os pesquisados com acesso à internet: 61% informam-se de
notícias de seu país pela TV local,
4% por TVs globais, 10% por jornais/revistas e 7% pelo rádio (o velho e bom rádio).
Blogs, a badalada novidade, são
fonte para apenas 3% dos pesquisados, marginal portanto.
Para análises políticas, o resultado muda a favor dos jornais, que
passam a ser fonte básica para 19%.
Blogs, os mesmíssimos 3%.
O problema é menos, portanto,
de público e mais de "modelo de negócio", comentou-se. Ou, acrescento, de como a mídia tradicional pode ganhar dinheiro ao usar, além do
papel, também a internet como plataforma de informação.
Posso, portanto, me aposentar
sem cair em desuso.
crossi@uol.com.br
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