São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Lula, Karzai, Nehru

DAVOS - Hamid Karzai preside um país, o Afeganistão, que é uma permanente usina de notícias ruins, muito ruins.
Por isso Karzai surpreende imensamente pela tranqüilidade e auto-confiança que exibe, tema de reportagem que o leitor encontrará algumas páginas adiante.
Até brinquei com ele, dizendo que, para o presidente de um país ensangüentado há anos por guerras, terrorismo, pobreza etc., "o senhor parece um monge budista". Resposta, talvez desconfiada: "O budismo é uma bela religião".
Karzai depois se descontrai. Comenta que ficou sabendo em Davos que o Brasil fabrica aviões, bons aviões. "Mas são muito caros para um país pobre como o Afeganistão", emenda.
Brinco que vou sugerir ao presidente Lula que doe um avião ao Afeganistão. É o gancho para Karzai fazer ao presidente brasileiro um elogio que nunca ninguém neste mundo alguém lhe fez: "Lula lembra muito antigos políticos indianos".
"Ghandi?", pergunto. "Nehru", responde Karzai (Jawaharlal Nehru, pai da independência da Índia).
Lula, prossegue o líder afegão, "tem uma visão, não apenas para o Brasil, mas para o mundo", impressão que Karzai adquiriu de cinco ou seis encontros com o presidente brasileiro nas Nações Unidas.
Quando comecei a trabalhar em jornalismo, já faz 45 anos, Afeganistão era apenas verbete de aula de geografia: Afeganistão, capital Cabul. A globalização aproximou-o até do remoto Brasil. E, definitivamente, Davos torna o mundo ainda menor.
PS - A pedido de um punhado de leitores, perguntei a Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA, se ele repetiria para o dólar enfraquecido a piada que fez em 1999 sobre o real ("uma moeda virtual", não real). Resposta: "Talvez. Certamente é uma moeda menos forte".


crossi@uol.com.br

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